Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

FIFTY SHADES OF VANESSA PAQUETE

FIFTY SHADES OF VANESSA PAQUETE

TIAGO MADALENA ( V INTERVIEW ABOUT HIM - VERDADE OU CONSEQUÊNCIA; AS PALAVRAS E OS SEGREDOS QUE SE OMITEM )

tiago.png

 

Passou-se um mês até conseguir uma V entrevista com a Vanessa. Para trás ainda se encontravam todas as nossas conversas feitas presencialmente em Setúbal, conversas essas que, muito preguiçosamente, ela nem pegou. Pareceu-me que o progresso nas transcrições das mesmas estava a ser um processo moroso e algo complicado para ela, ou tão simplesmente, Vanessa arranjara tal como desculpa, pois evadia-se do assunto sempre que eu o focava. A sua ausência confidencial na rede cibernauta que costuma utilizar também me levou a crer que algo se havia transformado nela; de uma Vanessa intimista e sempre pronta a dinamitar o mundo, passamos a ver uma Vanessa muito mais recatada, silenciosa, pouquíssimo focada no seu passado ou nos seus males presentes e mais direcionada para dar-nos alguns bons singles de música ou exibir o seu trabalho enquanto fotógrafa e jornalista/escritora! Dado o contexto da nossa última conversa, e por aquilo que já havia percecionado no próprio Blog, havia algo relativamente as nossas conversas acerca do Tiago que a maçava francamente, como se já não dispusesse de tempo ou paciência sequer para as encetar, por isso, foi com grande espanto meu que rececionei um telefonema seu espontâneo, a comunicar-me que estava pronta para a próxima entrevista. Tinha acabado de fazer um Evento e planeava ficar parada durante umas semanas, e estava disponível para entrar numa série de telefonemas regulares comigo. A nossa conversa, propriamente dita, teve lugar só duas semanas depois desse seu inesperado telefonema. A sua voz soava como um sussurro, como uma espécie de cântico subaquático de tão letárgica que era. Como sempre – na Vanessa – tudo é imprevisível; acabamos a falar de tudo e mais alguma coisa, desde relacionamentos, a Tiago, futebol e Avenida Brasil (risos).

 

Nesta entrevista apanhei-a desprevenida com um “ Verdade ou Consequência “, do qual, ela tentou escapar-se. Não tendo conseguido escapar-se ao fatídico questionário, a entrevista foi encetada, mas, as suas questões e respostas, ao fazer-se a transcrição para o Blogue serviram de interlúdio para a mesma.

 

226657_581141725246048_1595549243_n.jpg

 

“ Truth Or Dare/ No Substitute For Love “

 

Helena: É difícil tentarmos magoar alguém que desejamos tão próximo de nós?

 

Vanessa: Sim (protestou)! Porém, quando nos apercebemos disso e equacionamos que todas as nossas provocações ou tentativas de bala fazem ricochete, baixamos os braços, e resignamo-nos ao fatídico veredicto da rejeição.

 

Helena: Porquê tentar magoar alguém que desejamos tanto? O que se recebe em troca?

 

Vanessa: Vai ser difícil responder-te a esta questão. Não to sei explicar. Creio que varia da personalidade de cada um, do seu caracter e do seu background emocional: é uma equação complexa. Eu possuo uma personalidade muito passional. Sempre que tentei magoar o Tiago, acabei reduzida a uma tristeza interior incontrolável, banhada num rio de lágrimas e coberta de vergonha. Acabava sempre por me arrepender. Era nessas alturas que eu me apercebia sempre que não podia ser uma pessoa de má índole porque quem pratica o mal sente prazer nos seus atos; e eu sentia-me simplesmente destroçada, como se me tivessem arrancado o coração. Obviamente, que ao tentar magoar quem amava, inferia um duro golpe em mim própria.

 

Helena: É verdade que possuis uma pessoa muito próxima de ti que te escondeu tudo acerca da vida do Tiago nos últimos dois anos?

 

Vanessa: (risos) Sim, é verdade! É a pessoa mais íntima da minha existência. Aquela, da qual, eu jamais desconfiaria algo. A pessoa que é a minha sombra vinte e quatro horas sobre vinte e quatro horas. Essa pessoa possuía contacto sem eu saber com todo o círculo íntimo do Tiago, consequentemente, não só sabia de absolutamente tudo o que ele fazia, como de tudo o que acontecia próximo de si. Eu não suporto que subestimem a minha inteligência e me deixem na escuridão ou a encenar um papel patético que foi o que essa pessoa me deixou fazer. (ri-se)

 

Helena: Perdoaste essa pessoa?

 

Vanessa: Sim, em absoluto! Olhando para trás, consegui percecionar, que esse individuo me ia dizendo tudo sob indiretas. Eu é que não acatei nenhum dos seus ditos ou conselhos. Tinha uma ideia enfiada na cabeça e levava a reboque comigo essa ideia, para onde quer que eu fosse, consequentemente, fiz o maior papel de idiota que existe a face da terra nos últimos dois anos (dá umas sonoras gargalhadas).

 

Helena: Se soubesses o que sabes hoje terias ido na mesma fotografar o Tiago no jogo do Boavista?

 

10463899_706915382680062_3963916183132627501_n.jpg

 

Vanessa: (fica pensativa) Eu mudei toda a mecânica do meu Blogue a partir do momento que soube que outra pessoa entrou na sua vida. Nem eu própria consigo compreender o porquê. Quando iniciei este Blogue, sentia-me como uma concha vazia, uma casa vaga, simplesmente condenada; como se estivera inabitável durante meses. Escrever para o Tiago era como fazer um restauro ao quarto em degradação, era a única maneira de conseguir reabilitar-me: sempre foi, sempre precisei dele para colmatar o vácuo no meu coração. O registo fotográfico do jogo com o Boavista não foi premeditado, mas sim, um acaso do destino ou um laivo de intuição; literalmente fui arrastada para o jogo por circunstâncias inalienáveis do destino. Se os mais românticos preferirem, podemos afirmar, que o meu coração intuiu algo ou já andava a intuir algo há muitos meses. Eu vim a Leça com o objetivo de obter respostas para as minhas dúvidas. Mal desci do Alfa Pendular a primeira coisa que fiz foi passar pela casa da sua mãe e a sua velha rua. Recordo-me que coloquei todos os meus sentidos em alerta e que parei por uns minutos diante da sua porta como se estivesse a tentar senti-lo, respirá-lo… Mas – do fundo das minhas entranhas, do intimo do meu ser, desde a cabeça aos pés, devo confessar que não consegui percecionar absolutamente nada. Aliás, devo dizer, que sai de lá com a certeza absoluta que aquela rua não era mais habitada por ele: eu já não o conseguia sentir; compreendes? Durante anos tivera essa capacidade e esse dom inato… de senti-lo (suspira).

 

Helena: Por isso foste ao estádio – o único lugar público e neutro – onde poderias comprovar com os teus próprios olhos a sua existência palpável?

 

Vanessa: Sim (disse engasgada), embora, como te tivesse explicado já anteriormente: não foi nada premeditado. Aconteceu. Sei que parece absurdo e ridículo mas, de repente, deixara de sentir a sua energia. Talvez os quatrocentos e cinquenta quilómetros de distância o tivessem libertado de mim, mas, nos meus sonhos ele ainda me aparecia e, desta feita, já com um papel parental e uma criança a seu lado e, digamos de passagem, bastante feliz. Deduzi que a sua namorada de longos anos estivesse gravida, todavia, enquanto eu me tentava segurar firmemente a essa convicção, havia vozes dispersas que contrariavam a minha teoria. Acabei por sentir-me demasiado confusa para reagir, durante uns tempos. De cada vez que tentava questionar alguém, as suas conversas alteravam-se. Sinto que toda a gente – não apenas um único individuo – me tentaram esconder a verdade. Não sei se hei-de achá-lo um ato lisongiador visto que demonstra uma grande cautela e preocupação para comigo, ou um abuso da minha cegueira e distração.

 

Helena: É verdade que existe uma mítica frase proferida por ti em que dizias: “ Podem dar-me qualquer notícia no mundo que não receio nada que advenha daí, mas, por favor, quando o Tiago se casar, não mo comuniquem, por favor quando o Tiago for pai, não mo digam, por favor se os sinos da igreja replicarem no dia do seu matrimónio, arrastem-me de Leça para um lugar bem longe dali. Não me digam nada. Simplesmente ajam e salvem-me de mim própria “

 

DSCN9124b.jpg

Vanessa: (ri-se descomunalmente) Meu Deus, quem te deu isso para ler? Estou a começar a ficar assustada com essas tuas incursões ao mais intimo de meu ser. (faz uma pausa e murmura baixinho) …Mas sim, existe essa mítica frase escrita por mim, todavia, passaram-te mal a mensagem (ri-se), era “ … salvem-me da minha dor “ e não “ … de mim própria “.

 

Helena: Tens a certeza?

 

Vanessa: Não, não tenho, para te ser honesta, por isso não vou contraria-te. Repete lá a frase, por favor, que o seu lirismo é surreal (risos).

 

Helena: “ Podem dar-me qualquer notícia no mundo que não receio nada que advenha daí, mas, por favor, quando o Tiago se casar, não mo comuniquem, por favor quando o Tiago for pai, não mo digam, por favor se os sinos da igreja replicarem no dia do seu matrimónio, arrastem-me de Leça para um lugar bem longe dali. Não me digam nada. Simplesmente ajam e salvem-me de mim própria “

 

Vanessa: (permaneceu silenciosa por uns instantes, quase como se não conseguisse acreditar que tivesse proferido tal) Olha, nem Shakespeare ou Christopher Marlowe teriam conseguido fazer melhor (ri-se), absolutamente mítica essa frase!

 

Helena: Sentes que cumpriram com o prometido?

 

Vanessa: (solta umas estridentes gargalhadas) Mas não está mais que visto que sim; rigorosamente e a letra. Nem uma única palavra acerca do assunto. Afastarem-me de Leça não foi necessário porque eu antecipei a jogada no tabuleiro de xadrez uns anos antes.

 

Helena: Sentes-te um peão num tabuleiro de xadrez, traída pelas circunstâncias da vida?

 

Vanessa: (começa a cantarolar num francês algo impercebível para mim) … “Que faire de nos guerres je n'y tomberai pas, Echec et Matt hier je n'y reviens pas, apprendre et se taire, en casser parfois, inspirer de l'air, expirer de toi… “

 

Helena: Desculpa, estou perdida…

 

Vanessa: (rapidamente traduz-me a sua resposta) “ Que fazer das nossas guerras? Eu não render-me-ei! Xeque-Mate, ao passado eu não hei-de regressar. Aprender a calar-me, ficando destroçada, por vezes, inspirar oxigênio e expirar-te a ti “

 

Helena: É uma canção?

 

Vanessa: (ri-se) Sim, da cantora belga Lara Fabian; um dos seus melhores textos! Lindo de se trautear, magnificente de se escutar, mas muito difícil de se colocar em prática. É a minha antítese e a resposta a tua pergunta: quem não deseja fazer Xeque-Mate no jogo que mais luta lhe deu na sua vida?

 

AIMER DÉJÁ é um dos singles da cantora belga, Lara Fabian, mais acarinhado pelo seu público. A letra que terminha com um redentor " Não eras tu. Eu não o sabia. Eu não te culpo. Não mais que a mim própria. Mas que fazer de " estar a AMAR-TE JÁ? " é um dos poema preferido dos seus fãs.

 

Helena: É verdade que o Tiago Madalena foi o único rapaz/homem que te rejeitou ao longo de toda a tua existência?

 

Vanessa: (fica pensativa) Hum (ri-se) esta resposta vai soar-te tão absurdamente presunçosa, mas, sim, nenhum outro homem mais me rejeitou. Nem sequer sei o que isso é. Tive, como em todas as relações, situações de crise, onde o desgaste, ou os desentendimentos ou a própria incompatibilidade de vidas, nos fez seguir caminhos distintos, mas com todos os “ homens da minha vida “, os meus cabelos caíram em feixes sobre os seus peitos, madeixa a madeixa, os nossos hálitos mesclaram-se e transformamo-nos num só. O Tiago foi o único, cuja pele, não pude tocar, cujo corpo, não pude amar. Nunca pude comprimir os meus dedos em torno do seu pescoço e seguir a linha do seu maxilar. Nunca pude esmaga-lo no meu abraço e apertar-lhe a cintura, ficando aninhada de encontro ao seu peito a escutar o bater do seu coração. Nunca pude beijá-lo – a não ser na face, perto da cavidade dos seus lábios. Ele sempre me enfrentou com uma resistência passiva. Todos os restantes rapazes e homens que entraram na minha vida foram “ meus “; sempre os pude acarinhar e endossar-lhes o meu sorriso. Nunca existiram amigos quantificáveis entre nós. Nunca existiu – na realidade – absolutamente nada que se interpusesse entre nós porque eu não o permitia; respondi a tua pergunta?

 

Helena: Da maneira mais direta que poderia existir: o Tiago foi “ The One That Got Away “? (pergunto-lhe hesitante)

 

Vanessa: (ri-se) Agora vamos começar a trautear Katy Perry? (o pior é que Vanessa associou mesmo a frase ao tema e começa a canta-lo) …In another life I would be your girl I'd keep all my promises, be us against the world, In another life I would make you stay So I don't have to say You were the one that got away, The one that got away… “

 

Helena: Não o disse nesse sentido (sorrio perante a sua paixão fonográfica) mas identificas-te com a canção?

 

Vanessa: (faz um gracejo) A exceção do refrão, não! Mas quem me dera que o Tiago tivesse sido o meu Johnny Cash e eu a sua June (diz com uma voz de pesar)

 

 

Joaquin Phoenix interpretou no ano de 2005 o papel de Johnny Cash, no filme que retratava a vida da lenda viva do Rock & Roll. Johnny deixou o seu cunho bem vincando no mundo da música, quer pela sua ousadia e rebeldia, bem como pela sua personificação irreverente do " homem de negro ", cor que Cash usava sempre para qualquer lado que fossse. Numa vida repleta de adicções, inconstâncias, rebeldia, drogas e rock & roll, a cantora de country/folk June Carter foi a sua luz nas avenidas nublosas da sua mente. O romance floresceu quando June ainda era casada, mas, depressa Cash transformou-se no amor da sua vida, apesar de todas as suas incapacidades para se adaptar a uma vida normal, sem dependências, álcool e tumultos. A dupla ficaria recordada para sempre  como um exemplo de amor a seguir, June era uma católica ferverosa e uma mulher de boa índole. O filme Walk The Line retrata, de uma maneira extraordinária, a forma como June " colocou Cash na linha ".

 

 

Helena: Sentes saudades das belíssimas cartas de amor que escrevias ao Tiago e publicavas no Blogue ou continuas a escrevê-las em privado?

 

Vanessa: (quase que a sinto a franzir o sobrolho) Que pergunta mais indiscreta! Sim, sinto muitas saudades de lhe escrever, porém, nunca mais consegui declarar-me e abrir-me perante ele após saber da entrada de uma nova pessoa na sua vida. (fica pensativa) Bom, na realidade, as entrevistas que enceto contigo acabaram por substituir de uma maneira mais pragmática as minhas conversações com ele, todavia, confesso-te, falar contigo não é a mesma coisa que falar com ele. Sempre senti um sentimento de grande aproximação e um elo invisível quando falava de um modo epistolar “ tu cá, tu lá “ com o Tiago. Era como se o tivesse diante de mim…

 

Helena: Se tivesses oportunidade de conversar frente a frente com o Tiago, o que lhe dirias?

 

Vanessa: (a sua respiração quase que cessou) Acredito que acabaria por ficar paralisada. Haveria de permanecer imóvel, muda e queda diante dele. Se tentasse dizer alguma coisa, haveria de me engasgar, falaria tudo de uma maneira atabalhoada. Se tivesse de andar, haveria de cambalear junto dele. O meu olhar haveria de ficar aturdido e distante, o meu rosto pejado de vergonha e mais branco do que a cal. Todo o meu corpo haveria de tremer num tumulto interior, consequentemente, fugiria (ri-se). Tê-lo a minha frente sempre fez a minha cabeça andar a roda e dava-me náuseas no estomago; era acometida por um ruído cavernoso que sentia nos ouvidos, o cérebro deixava de trabalhar e todo o meu ser vacilava, por isso, em suma, não dir-lhe-ia nada.

 

Helena: Mas é verdade que o fizeste quando tinhas apenas dezasseis anos de idade?

 

Vanessa: (suspira profundamente, faz uma pausa e prossegue) A louca e insana determinação de uma impúbere adolescente que, num ato impensável de coragem, precipita-se sobre o Tiago - e nem a rispidez do seu acolhimento a demove – o fita nos olhos e declara-lhe o seu amor. A sua audácia fê-lo contrair os maxilares e movimentar energicamente o molhe de chaves entrelaçadas nos seus dedos (faz uma pausa). Se pudesses contemplar a maneira como ele me olhou de um modo inexpressivo, com os seus olhos castanhos aveludados penetrantes, a estremecerem firmemente. Eu pude percecionar o seu estado de apreensão, a tensão a percorrer todo o seu corpo como eletricidade e um vago tremor a percorrer-lhe a coluna, sacudindo-o interiormente. Porém, ainda que estivesse a praguejar mentalmente no seu subconsciente, e diante de mim de má vontade, e a lançar-me palavras contritas com a voz fria que nem gelo, a verdade é que, desajeitadamente, ainda tentou consolar-me.

 

Helena: A sério? (pergunto algo espantada)

 

Vanessa: Sim, é verdade.

 

Helena: Estou curiosa; como conseguiste convencer o Tiago a escutar-te? E como tomaste essa resolução? Foi premeditada? Um acaso?

 

Vanessa: Um dia, cruzei-me com o Tiago e fui tomada por um súbito paroxismo de desespero ao encarar a realidade que jamais o conseguiria conquistar, e, então, decidi que teria de lhe falar. Havíamos passado por momentos bastantes constrangedores e de animosidade ao longo de todo aquele ano letivo; precisava compreender o porquê, a razão de ele ter deixado de me falar, sorrir e até cumprimentar-me. O Tiago, simplesmente erguera um muro intransponível entre nós dois, ele não me queria mais a vaguear pelas proximidades de qualquer local onde estivesse: porquê?

 

Helena: Vocês pareciam ter conseguido entender-se numa altura em que, pura e simplesmente, tu descobriste que para manter o Tiago junto a ti, o segredo era mentir-lhe e ocultar-lhe os teus sentimentos, não é verdade?

 

Vanessa: (ri-se) Sim. Infelizmente, eu apaixonei-me por alguém muito precocemente, a vida familiar era uma caocidade total, e eu necessitava daquele sentimento para respirar, era o meu alento de vida… A meio da minha adolescência, nos meus quinze anos de idade, percecionei que a estranheza do Tiago e do Ivo, igualmente, ante mim, haviam desaparecido, após o Verão que havíamos convivido juntos. Talvez por terem convivido tanto comigo naquela época estival. Ter uma atitude “ normal “ ante eles fê-los quebrarem barreiras. De repente, ao invés de esboçarem apenas um sorriso parcial, endossavam-se esgares cordiais e repletos de simpatia. O meu teatro fora bem encenado; arranjara um namorado, irrompia por tudo e por nada com nomes de outros rapazes por quem, hipoteticamente, me encontrava apaixonada. Mentia ante o Tiago noite e dia, mas mentir-lhe foi a única maneira de chegar até ele: enquanto lhe menti fui imensamente feliz e uma aluna exímia e exemplar. O Tiago fazia-me feliz. Não era preciso plagiarmos amores fatídicos de obras ancestrais ou sequer incarnar uma imitação perfeita dos meus delírios de jovem apaixonada. Bastava ver os seus olhos a brilharem todos os dias bem diante do meu olhar, sentir o seu sangue a afluir-lhe a cara. A minha boca tratava de formular-lhe, discretamente, cada palavra de amor em silêncio. “ Mentir-lhe não é assim tão mau! Mentir-lhe é a solução! “, dizia a mim própria para tentar consolar a minha mente. E era verdade. Não era assim tão mau. Não era o fim do mundo. Era apenas o início de algo que eu almejava encontrar junto dele. Mais nada.

 

Helena: O que aconteceu, então?

 

Vanessa: (ri-se) No entretanto, muitos momentos agradáveis e pacificados, FINALMENTE! Depois, a minha cabeça começou novamente a desorientar tudo e a minha máscara caiu. O que eu mais receava aconteceu. Creio que as ideias do Tiago clarearam-se. Causou-me uma dor imensa vê-lo a afastar-se de mim, a desprezar-me… Apetecia-me cravar as minhas unhas no braço dele e perguntar-lhe frontalmente: “ Hey, qual é o teu problema comigo afinal? Não fiz tudo como era suposto ser feito? Não me remeti a um canto com a minha voz extinta? Não me silenciei? Há meses que estou a escassos centímetros da ti, alguma vez me viste ou sentiste a precipitar-me ante ti? Eu embrenhei-me num mar de mentiras para ocultar o que sentia por ti, magoei outras pessoas, engendrei planos para conceber paixões avassaladoras que pudessem saciar a tua imaginação e apaziguar-te o coração. Eu abafei as palavras na minha garganta; que mais queres tu de mim: diz-me, que mais queres tu de mim Tiago? “

 

sem nome18.png

 

Helena: (ao proferir o último paragrafo a sua voz soou-me embargada, estava comovida, não creio que numa idade tão precoce tivesse dito aquilo que sentia com tamanha eloquência, muito provavelmente tê-lo-ia feito num tom mais juvenil e com algum calão à mistura, contudo, consegui percecionar que aquilo era exatamente a cor do seus sentimentos – a sua voz denotava comoção ao relatar um episódio de há vinte anos atrás) Por isso sentiste necessidade um ano mais tarde de questioná-lo, de confrontá-lo…

 

Vanessa: Sim, como receei que ele me virasse as costas em público, manifestando repugnância e acusando-me de ser uma súcia ou uma parasita, decidi abordá-lo em privado e longe dos portões da secundária. Esperei-o a porta de sua casa e murmurei-lhe laconicamente se podíamos conversar. Ele respondeu-me com um encolher de ombros apologético; claramente fora apanhado desprevenido, e não sabia se haveria de virar-me as costas e entrar em casa, ou sentar-se um pouco comigo a conversar. Presumi que ele fosse ficar abalado – o que acredito veementemente que ficou – e fugir apavorado para dentro de casa; afinal de contas, o local onde eu o confrontara, dava-lhe hipóteses para tal fuga, porém, ele escutou-me e também expressou-me os seus sentimentos. O meu estômago contorceu-se quando me apercebi daquilo que ele me tentava transmitir. Ele sabia o quão fascinada eu estava por ele; não quis dar-me falsas esperanças, logo, não podíamos mais sequer ser amigos pois ele não estava minimamente interessado em mim: eu não encaixava nos cânones de beleza do Tiago Madalena!

 

Helena: Homens há muitos?

 

Vanessa: (dá umas gargalhadas subtis) As dezenas, Helena! Eu sou a prova viva de tal afirmação, porém, homens podem existir muitos, mas amor verdadeiro, apenas um.

 

Helena: É verdade que te aconselham a engravidares para esqueceres o Tiago?

 

Vanessa: (faz um gracejo malicioso) Insinuam-me tal variadíssimas vezes o que é uma completa barbaridade e estupidez. Eu jurei sobre o túmulo da minha mãe ter um filho, única e exclusivamente, do homem que eu amasse. De igual modo, jurei-lhe entregar-me de alma e coração a uma vida de papel passado e consumação de matrimónio, apenas ao homem que eu amasse. Ponto. Nada nem ninguém me iria demover desse propósito. Passados dez anos exatamente, creio que fui fiel a jura que fiz a minha mãe: não me casei nem tive filhos! O meu tempo já passou, Helena…

 

Helena: Qual foi a coisa mais inconcebível que te disseram?

 

Vanessa: (ri-se) Disseram-me com azedume “ vive a tua vida, por favor “! É a coisa mais descabida e idiota que podem dizer a alguém que não possui família e que, mesmo quando possuía dois empregos, um namorado, um clã de vinte pessoas a mimá-la, empregadores fenomenais, projetos de vida, dinheiro e saúde, arranjava sempre, cerca de meia hora do seu dia para se questionar acerca do seu paradeiro e – no silêncio da noite – escrevia-lhe palavras que eram como um lamento surdo de saudosismo.

 

Helena: Foi o Tiago que te disse tal?

 

Vanessa: Quem mais poderia ser?

 

Helena: É verdade que especialistas na matéria afirmam que utilizas o Tiago, unicamente, como escudo protetor de um mundo que te assusta?

 

Vanessa: (retrai-se a responder) Os homens são terríveis, Helena. Um amor pode destruir-te. O amor faz com que fios de lágrimas se te escapem pelo canto dos olhos e de nada adianta limpa-las com as costas da tua mão e cruzares os braços sobre o peito; o amor há de sempre aniquilar-te, Helena!

 

Helena: Jesus, que visão tão pessimista da vida!

 

Vanessa: Se possuis há 25 anos um amor que já te fulminou há séculos e encontras-te de mãos dadas com ele, pacificada com os seus vestígios de ruína e os danos colaterais que fomentou na tua vida, por que razão hás-de partir do teu mausoléu mais secreto e acolhedor em busca do Santo Graal? Homens como tu disseste, há-os muitos, e eu já tive o privilégio de brincar a protagonista de filmes de comédia romântica britânica, por diversas vezes. E fui muito feliz no meu papel de mulher apaixonada, a romancear dezenas de paixões: que mais posso desejar? Vi a vida passar-me diante dos olhos. Estive em todos os lugares-comuns. Oportunidades surgiram. Quiçá, talvez, não tenha sabido agarra-las. Uma lição aprendi nesta vida; talvez a maior de todas: se não possuis os braços de uma mãe ou um pai para te abraçarem quando a vida te for tão insuportável que os teus pulmões começam a doer somente por respirar e as tuas pernas ficam com cãibras com medo de caminhar, desiste! Desiste porque a contracorrente da vida há-de levar a sua melhor sobre ti, e quando isso acontecer vais correr para os braços de quem? Do pai que nem sequer quer saber da tua existência? Da mãe que te faleceu? Dos irmãos que ignoram o sangue que lhes corre nas veias? (silencia-se por momentos)

 

Helena: Desculpa dizer-te isto, mas sinto que vês a vida, as pessoas em si, como grandes monstros com tentáculos prontos a perseguirem-te e causarem-te pânico: a vida e as pessoas assustam-te…

 

Vanessa: Enquanto amei o Tiago, Helena, havia uma força que me sustinha, uma vontade férrea de lutar. Era como se ele desencadeasse em mim os meus instintos mais primitivos de sobrevivência. Nas horas mais amargas da minha existência, o meu subconsciente gravava o rosto do Tiago ao pormenor. Conseguia vê-lo na perfeição, como se ele estivesse ali a minha frente; a forma dos seus lábios, o contorno do seu maxilar, o brilho dourado do seu olhar, e tal dava-me forças, forças para não ceder ante tentações, forças para não cair nas malhas da prostituição somente para sobreviver, forças para não me tornar numa alcoólatra ou numa toxicodependente, forças para enfrentar uma vida de poucos recursos e solitária a viver da piedade alheia, da ajuda solidária de instituições. O Tiago foi a minha salvação quando eu estava a afogar-me. O Tiago estava lá, no meu subconsciente, quando o frio da água me entorpecia os braços e as pernas e tudo o que eu sentia eram vertigens. Como queres que eu esqueça quem me injetava força?

 

Um Dia14.jpg

 

 

Helena: Como te sentiste quando percecionaste que já não o amavas mais?

 

Vanessa: Senti-me como se tivesse sido atirada de uma falésia e tivesse embatido com todo o meu corpo na crispação da ondulação do mar. As ondas atiravam-me de um lado para o outro, chicoteavam-me, puxando-me ferozmente para me partir em pedaços. A violência das águas turvas cegaram-me e puxavam o meu corpo para o fundo do oceano. Já não havia mais ar para respirar, eu continuava a cair em sentido descendente, a afundar-me cada vez mais: senti-me completamente perdida! Sem o Tiago no meu subconsciente, o meu coração começou a despertar para uma dor pungente que agora me aflorava o peito: que faria eu neste mundo sem um pai e uma mãe? Que faria eu neste mundo sem os meus irmãos? O Tiago fora tudo para mim. Deixar de ama-lo foi como levar com uma barra de ferro na cabeça e acordar para uma dura realidade; a dura realidade de que eu não era nada sem ele, eu não sabia fazer nada sem ele… Desde 2013 para cá que ando à tona no oceano, a tentar perceber o que vou fazer da minha vida sem ele. Deixar de ama-lo fez com que a água me inundasse a garganta, sufocando-me e causando-me dor. Ele substituiu todas as ausências na minha vida. Alumiou-me na escuridão quando tudo o que eu possuía era um sentimento por ele.

 

Helena: É verdade que só começaste a chorar pelo teu pai quando deixaste de ama-lo?

 

Vanessa: Sim, é verdade! O Tiago fez esquecer-me, durante anos a fio, períodos de negligência e desentendimentos familiares. Com ele na minha cabeça, não havia dor que me golpeasse o coração ou gládio que me atingisse; eu era tão forte, desembaraçada e determinada. Eu teria sido capaz de mover mundos por aquele amor. Apenas o amor possui a capacidade de me vergar e quebrar o meu orgulho. Eu nasci para amar. Para devotar a minha vida ao amor, eu sinto isso, conheço-me, sei as forças que o meu amor pelo Tiago me proporcionou e também sei a quão fraca, patética, vulnerável e ridícula me tornei desde que o deixei de amar. Tampouco me reconheço (suspira).

 

Helena: É verdade que as pessoas dizem que tu és uma revoltada?

 

Vanessa: As pessoas dizem aquilo que deduzem. A maior parte delas contempla-me como um saco de lixo miserável e ensanguentado; filha de uma prostituta, desprezada pela própria família. Que importa ter sido criada em berço de ouro se acabei na imundice da vida, rodeada de pessoas que me odeiam? Que importa ter vivido toda a minha adolescência numa família burguesinha que ostentava como cunho de marca o toque da luxúria se tudo foi aglutinado por um imenso maremoto? Que importa que eu tenha lutado para construir uma carreira, para sobreviver e criar a minha autonomia se acabo sempre como a vilã da trama? Quando me olho ao espelho, contemplo cuidadosamente as minhas feições, de modo a esboçar um sorriso porque orgulho-me da minha insensibilidade e frieza para enfrentar determinadas intempéries que me acontecem na vida. Eu posso não saber mais quem eu sou desde que deixei de gostar do Tiago e ter perdido até a minha força, mas a insensibilidade e o sangue frio para aguentar chicotadas no corpo, marcas de guerra na minha pele, essa eu não a perdi. Após me terem vergado e flagelado o meu corpo, eu nunca derramo lágrimas: eu aguento! Eu lavo a face e coloco o maxilar no lugar, estico os músculos e massajo-os, as nódoas negras passam, a minha alma enrijece-se. O Tiago conseguiu partir-me o coração, mas nenhum outro mais conseguiu infligir, em mim, qualquer dor que fosse – física ou emocional! E se, porventura, o fizeram foi uma tempestade passageira, apenas umas brumas que estiveram de passagem. Ao fim de uns três ou quatro meses eu renascia para a vida outra vez e nunca mais voltava a abrir as gavetas daquele passado: os telemóveis eram apagados, as redes cibernautas bloqueadas; apenas ficavam as boas recordações – eu sou assim!

 

Helena: E o Tiago, porquê o Tiago?

 

Vanessa: A linha da minha vida é arenosa e está sempre húmida, parece um troço de estrada em terra batida, sem qualquer vegetação abundante, e um lamaçal em seu redor. O Tiago apareceu na minha vida no meio de um pedido de divórcio parental, irrompeu porta adentro – ainda que inconscientemente – no seio de uma família que parecia ser uma praticante beligerante da arte da guerra entre quatro paredes; a arte da comunicação não era, definitivamente, o dom das pessoas que me criaram. Empreendiam discussões e pedidos de divórcio que assassinavam por completo a tranquilidade que eu precisava para respirar. Bastou-me assistir ao primeiro pedido de divórcio para eu os qualificar de loucos. Fora criada pelos meus avôs paternos, onde a estabilidade era uma constante. Eu agarrei-me ao Tiago e aquilo que sentia por ele pois tudo na minha vida era uma imensa escuridão, estava escuro por todo o lado, como aqueles momentos sombrios que antecedem o alvorecer de um dia nublado. O Tiago foi a luz que calou o vento que uivava e o frio que me trespassava os ossos. Eu estava assustada. Depois de vê-lo, de falar com ele, de contemplar a sua face, toda a insegurança e medo desaparecerem. Dediquei-me única e exclusivamente a ele. Eu vivia no seio de um núcleo familiar onde a ausência de discernimento e claridade cegava toda a gente. Era como viver no meio de ervas daninhas; todos se acusavam mutuamente e, ao mesmo tempo, parece que todos apenas se importavam com as questões monetárias. Desde que o dinheiro chegasse a bom porto para sustentar os vícios fúteis e a vida de burguesas da ala feminina do casarão, qualquer intempérie, por mais duradoura que fosse, começou a ser encarada como um ato mundano. Chegaram a existir meses em que o silêncio era uma espada entre o casal, mas ambos pareciam já não se importar, fazendo as suas vidas individualmente, sorrindo, adaptando-se a ausência e “ curtindo “ a vida! Nos meus catorze anos de idade fui eu própria a poiar o pedido de divórcio efetuado pelo meu pai: ou viviam numa linha reta ou não, a escolha era deles! Todavia, o dinheiro falou sempre mais alto: pés-de-meia para o futuro das filhas, joias, roupas, comodidade, conforto. Devia ser difícil ceder ante um divórcio com tanta coisa em jogo, em cima da mesa…

 

Helena: É verdade que os divórcios mais in extremis coincidiram, por um acaso estranho do destino, com a presença do Ivo e do Tiago na tua vida?

 

Vanessa: Sim, é verdade! Eu passei o Verão todo de 1994 num campo de batalha, quer em casa, quer junto do Ivo e do Tiago. Não me era fácil conquistá-los. Estava a ser uma verdadeira quimera. Muitas das vezes apeteceu-me gritar: “ Hey, vocês precisam de saber uma coisa, a minha vida está um caos em casa, ok? O meu lar parece um barco fantasma e eu estou completamente sozinha nele: eu e o meu pai jantamos sozinhos juntos todas os serões, depois ele desaparece à noite para alguma reunião, ou outro sitio qualquer, a minha madrasta parece a maléfica desde que eu vim atrás de vocês: dardeja-me diariamente com ditos, bocas e indiretas, eu preciso de vocês, ok? Por favor, eu preciso da vossa amizade, independentemente do que vocês pensem de mim! “

 

Helena: Porque nunca lhes disseste isso?

 

Vanessa: Eles não tinham idade para compreendê-lo.

 

Helena: Achas que o Tiago lê este Blogue?

 

Vanessa: (desmancha-se a rir) Nem em sonhos, Helena! O homem tem mais com que se preocupar.

 

Helena: Dai o teu à vontade?

 

Vanessa: (ri-se) Evidentemente! Ser ignorada proporciona-me a certeza e paz absoluta que posso abrir o meu coração e sair ilesa, sem um único arranhão.

 

Vanessa226.jpg

 

 Vanessa possui uma personalidade que, por norma, assusta os demais: irreverência, audácia e ousadia são sempre as suas palavras de ordem. Aos dezasseis anos de idade teve  a coragem de declara-se ante a porta do Tiago, ainda que estivesse mergulhada em pânico, dois meses mais tarde compareceu no funeral do seu pai, ainda que soubesse, que era personna non grata. Aos vinte e quatro anos de idade escreve-lhe uma carta a desculpar-se por qualquer estupidez que tenha feito numa idade tão precoce quanto a adolescência. Aos vinte e cinco anos de idade termina um noivado de sete anos e é largada a sua porta em plena madrugada. Aos vinte e seis  anos de idade comparece no jogo da Taça de Portugal para ver Tiago a defrontar o Sporting, naquele que ela considera, um dos momentos mais emotivos da sua existência " Julguei que aquele fosse o unico jogo do Tiago que fosse assistir, alguma vez na vida. Estava nervosíssima. Tinha medo que me reconhecessem, embora o estádio nem permitisse tal coisa  " Aos vinte e sete anos de idade emagrece 15 kilos e tenta ganhar coragem para reconquistá-lo, mas, o medo, a timidez e o pavor de voltar a ser rejeitada leva a sua avante. Os outros homens galanteiam-na e colocam-na num pedestal, mas, nem toda a bajulação do mundo a faz conseguir aproximar-se de Tiago: " Morria de medo. A minha insegurança dominava-me por completo. Diziam-me para entrar em contacto com ele via as famosas redes cibernautas. Telefonavam-me quando o encontravam num bar ou num café e - por vezes - até me iam buscar a casa para me arrastar para junto do local onde ele se encontrava. Enviavam-me fotografias suas. A tudo eu dizia que não. Por muito que o desejasse, não conseguiria voltar a suportar a humilhação de ele me voltar as costas outra vez. " Aos trinta e quatro anos de idade ,comparece no término da carreira do Tiago enquanto futebolista, num jogo contra o Boavista, por um mero acaso do destino, a rapariga que não desejava ser reconhecida, acaba nas quatro linhas do campo, bem diante dele. " Tudo aquilo foi um mero acaso do destino. Quando me deram permissão para fotografar, nunca imaginei que fosse para junto do banco dos jogadores, ou para as extremidades do relvado. Acabei por ter livre-passe e aceder ao estádio uma hora antes que o público normal. Vi o treino de ambas as equipas antes de entrarem em jogo. Estava apavorada. Nem me podia esconder por detrás de uns óculos de sol. Liguei o MP4 e abstrai-me de tudo. Fiz o registo fotografico do jogo, com as pernas feita gelatina. Ali não houve hipóteses de me esconder, pois o Tiago reconheceu-me: eu estava bem diante dos seus olhos, debaixo do seu nariz! "  

 

A iniciativa de fazer um “ Verdade Ou Consequência “ revelou-se muito frutífera em termos de abordagem de narrativa e, como tal, decidimos repeti-lo, assim que nos fosse possível. Agradeço imenso a Vanessa a coragem de dar as respostas que deu e de se expressar com tanta honestidade acerca de alguns assuntos tão delicados.

 

Vanessa Paquete 2015 ©

Helena Coelho 2015 ©