NOTHING ELSE MATTERS TIAGO
Toda a minha escrevi-te e, neste preciso momento, não sei o que dizer-te! Este Blogue foi criado com o propósito de as minhas memórias & sentimentos ficarem registados.
Não me é fácil, sabes? Não me é fácil buscar um caminho próprio para mim, se quando te tinha na minha vida, tudo o resto parecia não ter qualquer controlo sobre o meu Universo; compreendes o que te quero dizer? Não havia tempestade ou intempérie que me assolasse, era como se, de alguma maneira, a ilusão do amor que eu sentia por ti me protegesse contra todas as maledicências da vida e suas agruras.
Hoje, passei o dia todo de cortinas cerradas, como o fazia usualmente, quando vivia em Leça. Defronte da minha janela um Sol invadia o céu no seu halo azul incomensurável, porém, para mim, as horas permaneceram mortas, imóveis e estáticas! Quando tal me acontece, habitando eu, agora no Sul do país, tento abstrair-me da nostalgia que me percorre a alma e do silêncio que me inunda os dias e silencia, cada vez mais, a minha voz, refugiando-me nas areias sadias destas praias de mar azul-turquesa ou transparência verde topázio, onde a quietude e uma beleza apaziguadora reina. Aqui, não existe o som agudo e selvagem das ondas bravias do mar a enrolarem-se nos rochedos de Leça. Aqui o mar não nos rosna. Aqui o mar não nos emite ruídos avassaladores, nem nos seduz com voz de sereia para depois nos golpear. Aqui o mar lembra o crepúsculo, romântico e sereno, como uma ária entoada ao piano.
Só Deus sabe, só Deus, há quanto tempo já não sinto eu arritmias cardíacas, já não se me acelera o pulso, já não me grita o coração palavras de amor vorazes e ensurdecedoras que eu, sua escrava obediente, me via obrigada a transmitir—-tas! Ai Tiago, se pelo menos soubesses, o quanto quis ganhar-te o respeito e a tua admiração. Sim, bem sei, línguas maldizentes apelam ao bom senso e dizem-me que deveria ignorar-te; porquê ser escrava do teu parecer? Porquê? Juro-te que não o consigo explicar! Apenas me recordo do meu rosto esbraseado de cada vez que te comtemplava, do sangue a golpear-me as têmporas, do oxigênio a ficar retido nos pulmões e dos meus olhos relampejados a perseguirem-te como os de uma águia faminta que busca o seu alimento. E depois, depois Tiago, recordo-me das tuas palavras inaudíveis a cortarem-me o peito como vergastadas de um chicote.
A minha língua sempre foi afiada, Tiago, tão afiada quanto o gládio de um soldado. Podes até apostrofar-me de vingativa, severa, endurecida e de possuir uma língua de cascavel, tão venenosa que quando o seu veneno te toca, se te entranha na alma e a torna empedernida, sem compaixão… As palavras são a minha arma, e sempre me muni delas, a bem ou a mal, para me lançar no abismo do campo de batalha de te amar e conquistar ou na arte inglória de me defender. Não possuo outros armamentos bélicos, à exceção de palavras. Agora, diz-me tu: “ Crês que as minhas palavras formam o meu carácter, moldam a minha personalidade e laminam a arquitetura do meu coração? Enganas-te! Erroneamente enganas-te! “ Poderás dizer-me de retorno: “ Moldam-te as tuas ações e essas, provaste-mo tu, foram revestidas de uma irracionalidade sem precedentes, impacientaram-me, enervaram-me e irritaram-me, Vanessa. Exprimiram uma mente silenciada em ponto de ebulição que não se soube controlar. Deste enfase a todas as fraquezas do teu carácter. Se era respeito que imploravas, o meu, dissipou-se no instante em que assumiste publicamente o papel de vítima enjeitada “
Como vês, Tiago, até as tuas palavras consigo percecionar. Bem vistas as coisas, desde o início, a minha tarefa contigo não era fácil. Vivíamos em mundos distintos, tão diferentes quando a Lua e o Sol, todavia, tu – para mim – constituías a estrela central do meu universo: todos os meus cometas dispersos, asteroides deambulantes, poeiras mais ínfimas e satélites mais aguçados giravam em torno de ti; tu eras tudo para mim!
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" Safe Heaven " é o meu livro e, consequentemente , o meu filme preferido de Nicholas Sparks
De alguma maneira, revejo-me, inconscientemente, nesta história.
Talvez, porque, ainda hoje, sonhe fugir para um sítio bem longínquo, a fim de encontrar quem me salve e me dê " Um Refúgio Para a Vida "