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FIFTY SHADES OF VANESSA PAQUETE

FIFTY SHADES OF VANESSA PAQUETE

SOU FILHA DA SOLIDÃO E GOSTO !

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A solidão!


Detestada por uns. Amada por outros.


Estar-se sozinho é uma dádiva, a meu ver! Eu rezei meses incontáveis para que diversas coisas me acontecessem, desde puder voltar a cidade por algum tempo, até puder desfrutar de umas horas do dia sozinha/completamente, sozinha em casa só para mim.


Seja lá a que Deus rezei, tudo me foi concedido!


A solidão é o único espaço nosso onde podemos deixar os nossos pensamentos soltarem-se/voarem e transformarem-se em reflexões e momentos genuinamente desfrutados com felicidade plena.


A solidão; aquele momento do dia em que podemos colocar a nossa música preferida a tocar e cantá-la a plenos pulmões.


Já cheguei a redigir aqui algo acerca da liberdade e do quanto a liberdade tanto significava para mim.


Para outros a solidão é um monstro, uma sombra sadia que os assusta e os engole. Se eles soubessem que na solidão podemos pegar no nosso livro preferido e desfolhá-lo sem que o silêncio seja interrompido por vozes algozes de alguém; se eles soubessem que na solidão podemos dançar e imitar aqueles passos de dança que todos recriminam quando os praticamos; se eles soubessem que na solidão cada minuto que passa é precioso para a nossa alma e – como tal – imprescindível e apreciado como se de ouro se tratasse.


Eu sempre vivi em solidão e – mesmo nas alturas mais atarefadas da minha vida – escolhi regressar sempre a um santuário meu sozinha onde pudesse dormir sozinha porque a solidão era-me imprescindível.


Gosto de ler.


Gosto de escrever.


Gosto de ouvir música.


Gosto de trautear canções.


Em solitude eu nunca/nunca estou sozinha.


Estou acompanhada por mim; e que melhor companhia poderá existir?


Eu vivi grade parte da minha vida sozinha. Em tempos de dor ou em tempos de preocupação e desespero. Muitas vitórias e felicidade também foram festejadas a solo.


Eu vivi sozinha anos a fio; algo até pouco comum numa mulher de vinte e tal anos. Na adolescência nunca imaginei que teria coragem para tal mas VOILÁ no seu tempo certo a coragem chegou e – embora tenha sido uma vivência tempestuosa – continuo a proclamar esses tempos como os tempos mais orgulhosos da minha vida.


Sempre comprei roupa sozinha.


Sempre entrei nas urgências sozinha.


Sempre fui aos médicos sozinha.


Sempre fiz as minhas escolhas de empregos e namorados sozinha.


Sempre escolhi os sítios onde morava sozinha.


As amizades idem aspas.


Almocei sozinha milhares de vezes.


Jantei outras tantas também.


Escolhi cursos sozinha.


Conclui-os ou não conclui-os segundo o meu parecer sozinha.


Acumulei sozinha mais de doze diplomas e certificados.


Tomei sozinha a decisão de quando deveria concluir o 12º ano e como; e conclui-o.


Sozinha enfrentei o desfecho das estórias de amor.


Sozinha atacava que nem um lobo ou chorava que nem um animal ferido.


Nunca ninguém conseguiu dar-me um conselho que eu seguisse: a minha vontade era férrea e destemida.

A cair, sempre quis cair por minha inteira e única responsabilidade. Sempre soube que – mais cedo ou mais tarde – entenderia onde havia errado.


Aprecio livros que mais ninguém aprecia.


Ouço músicas que mais ninguém escuta.


É difícil fazer conversa comigo (devo admiti-lo) e é difícil impressionar-me também!


Sou difícil e por ser tão única e solitária, a solidão assenta-me que nem uma luva.


Acredito que a solidão seja algo nobre. É muito fácil estar-se acompanhado e é terrível estar-se sozinho com os nossos pensamentos, dilemas, confissões e decisões para tomar por isso ser-se solitário é muito mais corajoso que estar-se rodeado de gente.


A solidão também conforta.


A solidão faz-nos crescer.


A solidão ajuda-nos a colocar os pontos nos Is e a aguentar estoicamente a dor.


Todavia, existe quem tombe ante a solidão e se desfaça nela e permita que as suas sombras a mitiguem.


É preciso saber-se falar a solidão, torna-la nossa amiga, nossa confidente…


Eu fui criada na solidão e jamais abdicaria dela.


As poucas horas de solidão que me são concedidas eu agradeço-as a Deus com o mais profuso sentimento…


A solidão faz-no sentir bravos, corajosos, indivíduos independentes.


Provavelmente, serei a pessoa menos influenciável a face da terra. Resultado da minha amicíssima solidão que despertou todos os meus sentidos e me fez estar alerta.


Ninguém deveria temer a solidão…


Porque na solidão pode desfrutar-se de tanto e criar-se coisas tão maravilhosas.


Eu sou filha da solidão e GOSTO!

 

Texto & Crítica: Vanessa Paquete 2017  ©

Fotos: Luciano Guedes ©
Flyers: Vanessa Paquete

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