POR QUE É QUE DESISTIMOS DE AMAR E NOS CINJIMOS AO CONFORMISMO OU A ONE NIGHT LOVE AFFAIRS?
Por que razão desistimos de amar e nos acomodamos ao conformismo?
É uma pergunta, para a qual, nunca teremos reposta e que será sempre difícil de responder.
Por vezes, parece-nos mais fácil sair das trincheiras, depormos as armas de lado e sair do campo de batalha. Desistir do amor não é uma fraqueza; é uma opção!
Existem decisões a tomar na vida e uma delas é se persistimos na demanda da busca do Santo Graal sagrado, enterrando-nos, relação após relação em desilusões ou se, pura e simplesmente, desistimos!
Eu desisti tinha cerca de 32 anos de idade!
Visto de fora, parece uma idade muito precoce para se desistir de algo e é-o na realidade: estava na flor da idade, muito apelativa a nível físico e estético, possuía um emprego mediano com boas perspetivas, era independente, partilha um apartamento com um casal de médicos que trabalhavam no S.João, ainda assim DESISTI!
Porventura, porque os últimos golpes amorosos haviam sido duríssimos, embora recuperáveis em questão de meses, porém, havia um cansaço em mim, uma inércia incombatível: fugira-me a vontade para ir ao café com quem quer que fosse, a vontade de relatar pela milionésima vez as páginas da minha vida, o ensejo de entrar naquele jogo interminável de engate e conquista, o desejo de atirar sorrisos enviesados para quem quer que fosse e a vontade de estar numa conversação com falinhas dengosas.
Recordo-me de pensar que poderia sim evitar tudo isso, bastava ter uma atitude máscula, evitar a parte da conversação e saltar para a parte sexual. Muitas das vezes dei por mim a compreender os homens: é extenuantemente cansativa a parte da conversação quando já nem paciência possuímos para ela, mas, nós mulheres somos românticas por natureza e buscamos o lado romanesco de tudo. Se não somos propensas a one night love affairs, será muito difícil que ajamos a macho latino, evitemos desvendar a alma do outro e só nos cinjamos ao zunir do corpo sob os dedos do outro.
Todavia, olhando para atrás, vocês nem imaginam a quantidade de one night love affairs que poderia ter tido e me arrependo de não ter tido, a quantidade de vezes que engrenei uma série de maratonas de saídas e cafés em vão que foram infrutíferas porque eu buscava mais um namorado/mais uma cara-metade; eu que já havia tido uma vintena delas!
A juntar a lista da vintena de namorados, hoje sei que poderia ter estendido a listagem a largos passos se me tivesse permitido desfrutar do momento, ao invés, de andar feita donzela medieval em busca do cavaleiro andante.
Os presumíveis candidatos a cavaleiros andantes deram-me dores de cabeça, cansaram-me, extenuaram-me a alma por completo ao ponto de um dia eu desejar bater com a porta ao amor. A última relação foi curável em meses, contudo, as lágrimas derramadas, a sensação de vazio impreenchível, o facto de ter coincidido com a perda de uma melhor amiga, a mudança de um apartamento (novamente sozinha), a transição para mais um emprego e a tentativa de um suicídio esgotaram-me por completo!
No espaço de uma semana todo o cocktail atrás citado deu-se e – na altura – aguentei estoicamente tudo sozinha! Almocei, jantei e percorri as ruas do Porto infinitamente sozinha, sempre com um lugar vago ao meu lado no Metro, no restaurante, na sala de cinema, na cama, tendo apenas por companhia uns livros, visto que não era adepta de televisão e não a possuía e tampouco tinha internet.
A minha vida era um mar imenso de solidão, um deserto árido onde uma loura de olhos azuis vagueava só e a cambalear pelas dunas em busca de uma miragem de um oásis em flor; eu sempre soube que bastava um telefonema para preencher a minha solidão e saborear um mesclar de línguas, um entrelaçar de corpos suados e atingir uns quantos orgasmos, mas, nessa altura eu precisava de algo que me despertasse o raciocínio e o deslumbrasse…. Eu já não conseguia deixar-me ficar apenas pelo despertar do libido, tornara-me exigente e cautelosa em simultâneo; até que ponto um one night love affair não trar-me-ia problemas dado a minha ridícula predisposição para apaixonar-me e desejar vivenciar cenas hollywoodescas? Até que ponto eu voltaria a afogar-me novamente? E foi assim que tomei como decisão não incorrer mais no risco de deixar que alguém se aproximasse de mim, a não ser alguém que eu tivesse a certeza absoluta que jamais trar-me-ia problemas e dores de cabeça.
Haviam-se acabado para mim as noites em claro a espera de uma mensagem, as noites em claro a imaginar que a pessoa, pela qual, eu nutria sentimentos poderia trocar-me por outra. A minha insegurança e o meu ciúme são um cancro maligno que foi ganhando forma e transformando-se numa doença incurável que me atravessava as entranhas, me colocava doente, me deixava cheia de metáteses e, em última instância, me fazia cometer loucuras.
Já não amo há alguns anos!
Já vou a caminho dos 37 anos.
Devemos ceder aos amores de uma noite só?
Eu sinto arrependimentos de não o ter feito; e vocês?
Esse fantástico tema da Lara Fabian conta uma história de um amor de uma NOITE !
Choro por circunstâncias da vida menos favoráveis e aprendi a dar um valor desmesurado ao dinheiro e a colocar o amor em último lugar.
É-me importante andar pacificada comigo própria; não andar a suspirar pelos cantos e a desfalecer por surtos psicóticos de ciúmes e abandono. É-me importante ter o meu espaço, o meu tempo, sentar-me no sofá a contemplar as séries que mais amo sem ninguém a chatear-me, é-me importante não ter os meus pensamentos abafados pelo mal que o ser amado me poderá causar, é-me importante respirar….
A última vez que chorei foi há uns meses atrás por uma situação tão insólita que me fez cair na cama de rastos, uma situação tão insólita que tive de voltar a fazer rewind e repensar que realmente era aquilo que os sentimentos me faziam: matavam-me a alma e o coração!
Ficar de cama a chorar porque uma certa pessoa me retirou um LIKE no Facebook por causa de um texto que escrevi é absurdo… e as lágrimas rolaram muito devido a essa pessoa, novamente sem eu perceber muito bem porquê, mas rolaram; rolaram por ciúme, rolaram por rejeição, rolaram por despeito: ele pôs-me de rastos sem saber que estava a colocar-me de rastos!
Culpemos as circunstâncias da vida, a falta de um emprego, a falta de ser dona de mim própria, o desespero de se ansiar por reconhecimento e uma existência estável, o querer singrar-se na vida. Não consigo imaginar outras circunstâncias que tenham gerado tanta mágoa e sofrimento em mim e dado uma valente sova no meu ego que, ainda hoje, não se recuperou de tamanhas vergastadas!
A solução foi prática: tentar dividir as águas! Algo que não tem sido fácil. Ainda sinto a rejeição em mim como uma espécie de estalactite cravada no meu coração e no meu ego (talvez, acima de tudo no ego) e muitas são as vezes que – por vezes – tenho de inspirar, expirar e disfarçar!
Por que razão desistimos de amar e nos acomodamos ao conformismo?
É uma pergunta, para a qual, nunca teremos reposta e que será sempre difícil de responder.
Por vezes, parece-nos mais fácil sair das trincheiras, depormos as armas de lado e sair do campo de batalha.
Desistir do amor não é uma fraqueza; é uma opção!
Texto: Vanessa Paquete 2016 ©
Por uma estranha coincidência esta é a minha música preferida do Bryan Adams
“ Quando não se consegue esquecer uma história de amor, só há três caminhos possíveis: mudar de casa, mudar de país ou encontrar outro amor. Ou parecido. Não valem paliativos. Sexo puro e duro não conta. Pelo menos para as mulheres. E para os homens também acredito que não. Tem de ser algo mais próximo, mais terno que nos faça sentir, ainda que seja apenas por breves instantes, que o outro já ficou arrumado no passado e não mais voltará a perturbar-nos. Sexo é escolha, amor é sorte, canta a Rita Lee. Ouvimos várias vezes essa música no carro, fazia parte da nossa playlist, lembras-te? Sábias palavras. Toda a gente sabe que a sorte não nos bate a porta duas vezes seguidas. Aliás, raramente nos bate à porta. Temos de a procurar. Além do mais, encontrar outra pessoa não passa por ir para a cama com um simpático qualquer em quem tropeçamos e que parece estar ali à mão para nos salvar. Ninguém salva ninguém. O sexo nunca é um caminho. Até pode resultar com algumas pessoas em determinados momentos. Faço 36 anos daqui a seis meses. Estado civil: solteira. Sem filhos e com o instinto maternal adormecido. Não sou a única do meu grupo de amigas. Há mais solteiras e boas raparigas sem o relógio biológico com um cuco impertinente e histérico a picar-lhes os miolos. E também há umas quantas casadas. Cada qual com a sua cruz. Às vezes as solteiras queixam-se da sua condição, sentem-se sozinhas, têm medo de ficar encalhadas, ao mesmo tempo que as casadas se lamentam da falta de liberdade e das saudades da vida de solteira. O silêncio protege e o trabalho salva, já lá diz o ditado. Sempre que sinto que me posso ir abaixo, encho-me de trabalho, de tarefas e distrações. Qualquer dia tiro um curso de língua gestual só para matar o tempo. Encontrar outra pessoa é que nem pensar. Não me sinto nem com moral nem com energia. Olho-me ao espelho e as primeiras marcas da idade já começaram a aparecer. Linhas longitudinais muito finas no pescoço, ténues, é provável que só eu as veja, mas sinto-as. Quando acordo baça por dentro, é como se essa opacidade se visse à flor da pele. A tristeza vê-se no olhar. Vem de dentro, não a consigo disfarçar. Se me concentrar, consigo apagá-la, ainda que apenas momentaneamente! “
Margarida Rebelo Pinto