FLAMENCO NA I EDICÃO DA DESIFOTO LISBOA 2014
A Desifoto Lisboa foi criada em inícios do ano de 2014 com o intuito de dar a promover uma amálgama de artes num só dia com o objetivo de dar a conhecer o trabalho de toda a gente, desde fotógrafos a modelos, make-up artists, estilistas, cabeleireiros etecetera.
A primeira Edição decorreu no Castelo de Palmela num dia sombrio e cinzento onde a chuva ameaçava arruinar por completo o Evento. Todavia, a energia dos modelos, a boa disposição dos fotógrafos e de todos os parceiros que nos acompanharam e se juntaram a nós fizeram daquela I Edição um dia memorável que nos ajudou a ganhar confiança para prosseguir com o sonho e começar já a planear-se a II Edição.
Na I Edição da Desifoto Lisboa no Castelo de Palmela, vários modelos juntaram-se para representarem variadíssimos estilistas e casa de roupa. Tivemos a sorte de conseguir congregar e fazer uma boa simbiose entre o Norte e o Sul do país, visto que vários fotógrafos e modelos da região Norte do país contribuíram com a sua boa energia e boa disposição, bem como profissionalismo para que o Evento se transformasse numa miríade de estilos bem diversificados.
A dança ficou a cargo da Escola de Flamenco de Sofia Abraços, algo que ambicionávamos muito e conseguimos realizar, presenteando assim os fotógrafos com um extra bónus que eles não estavam à espera: FLAMENCO para fotografarem!
O meu primeiro contacto com esta linda forma de arte aconteceu a dois passos da catedral de Sevilha e também devido a forte ligação do Filipe à Espanha (residiu em Madrid alguns anos). O Filipe já era um enamorado convicto desta arte tão enigmática. Habituadíssimo a andar pela Andaluzia, foi lá que caiu de amores – por assim dizer – pelas bailarinas de flamenco. Antes do espetáculo iniciar-se, diante da catedral de Sevilha, ficamos a saber um pouco mais sobre esta música/dança que mistura influências ciganas, árabes e judaicas:
Ficamos a saber que, na sua forma original, o flamenco contava somente com a voz, um grito primitivo acompanhado pelo ritmo batido numa tábua de madeira. Ficamos a saber ainda que existem vários ritmos ou estilos, por vezes contrastantes, que foram beber inspiração ao folclore andaluz, à música caribenha e aos ritmos africanos.
Os vestidos também mudam, ao sabor da emoção de cada dança. Há vestidos de caudas tão longas que batem no rosto dos espectadores, nos rodopios mais frenéticos. E depois há os acessórios, que acrescentam sempre algo surpreendente: um leque, um xaile, as castanholas…
Também conhecido como "cante jondo", o flamenco é uma arte capaz de transmitir todo o tipo de sentimentos através de movimentos suaves, mas firmes e marcados, a intensidade das vozes dos seus cantores e o simples tocar de um violão.
No Castelo de Palmela, a nossa ambição parecia desmesurada; sem um palco apropriado (estrado) para os sapatos puderem implementar o seu ritmo, com um dia a avizinhar chuva e os fotógrafos céticos e inquietos e eu a roer as unhas, Sofia chegou por volta das 17:30 a Suite da Pousada do Castelo (onde residiam os bastidores) com um grupo enorme, várias malas, crianças, imponente, altiva e muito hispânica, devo dizer! Sofia tem uma formação de 15 anos em Flamenco, Escuela Bolera, Sevilhanas e Danças Regionais espanholas com Celia Neves, na Escola de Ballet Clássico Espanhol Celia Neves em Lisboa (1977-1992).
Em 1985, frequenta a Royal Academy of Dance (em Londres) e em 1993 forma-se em dança pela Escola Superior de Dança de Lisboa. Para além de Celia Neves, estudou também com Carlos Benavides (bailarino do Ballet Nacional de Espanha) durante 5 anos e com Ana M ª Martínez entre 1997 e 2007. Estudou intensamente em Lisboa e Sevilha com artistas de renome, tais como como Antonio Perez (também bailarino do Ballet Nacional de Espanha), Natcho Blanco, Rosario Peinado, Costi "El Chato", Maribel "La Zambra", Gracia Diaz, Carmen Mesa e Devla Amaya.
Como tal, imaginam o quanto sustivemos o fôlego.
Música de violões, cantos roucos, palmas, castanholas e dança – os principais ingredientes do flamenco não mudaram nos dois últimos séculos. O jogo de pés é relativamente recente: o sapateado só foi introduzido há 100 anos. Para muitos “gitanos” e “payos” (não ciganos), o flamenco não é apenas folclore, mas um estilo de vida e uma importante forma de arte. Sofia chegou com vestidos garridos, xailes, chapéus, castanholas e um ritmo frenético, Muitos leques, sapateado (ainda que não tivesse o estrado, algo que corrigimos em 2016) e muita posse: O flamenco é uma arte altiva, vem-lhes da alma, corre-lhes no sangue, sentimo-la no chão, no baloiçar das mãos, no premir feroz das castanholas, no olhar que espreita incisivo por entre os leques. O flamenco é fogo e cheio de matizes vermelhas, cor de sangue e rosa fogo. Nunca tinha visto nada igual!
Sofia Abraços foi uma das grandes convidadas da I Edição da Desifoto Lisboa e resultou tão bem ao ponto de regressar para a III Edição no Bacalhoa Buddha Éden, em 2016!
O bairro de Triana viu nascer e crescer alguns dos dançarinos e cantores mais importantes do mundo do flamenco e se vocês quiserem conhecer mais sobre esta arte, têm a opção de visitar o Museu do Baile Flamenco em Sevilha, apesar de que acredito que a melhor forma de conhecê-lo é desfrutando da arte em estado puro e ir a um dos seus espetáculos, ou então desfrutar das várias fotografias que os fotógrafos da Desifoto Lisboa captaram.
Design de Flyers: Vanessa Paquete 2020 ©
Texto & Crítica: Vanessa Paquete 2020 ©
Fotos Principais: Todos os Direitos de Autor Pertencem ao Respetivo Tiago Sequeira ; José António Marques; Paulo Homen De Melo; Ricardo Tavares ©
Modelos: Escola Sofia Abraços