DRESSED FOR SUCCESS, BEACH & FUN; O QUE VESTIR? - TENDÊNCIAS VERÃO 2015: AS PEÇAS E OS " MUST HAVES " A TER EM CONTA
Quando era miúda, a minha avó paterna ensinou-me que não necessitávamos de ser vestida por um estilista de renome, ou gastar balúrdios nos deslumbrantes outfits que haviam sido apresentados na catwalk para sermos umas divas, bastava apenas termos um pouco de imaginação e engenho. Assim sendo, a minha avó, requisitava os serviços da sua costureira particular, levava-lhe uns recortes de dezenas de revistas onde havia visto a esplendorosa Rainha Isabel de Inglaterra com determinada vestimenta e copiavam o molde do mesmo, reproduzindo-o à letra. Feito o esboço em papel, comprado o tecido e os acessórios a anexar, seguiam-se semanas de trabalho árduo de provas até que – finalmente – se nos apresentasse diante dos olhos o maravilhoso trabalho de estilista da nossa pacata e humilde costureira que tinha o seu atelier sediado no quintal. O mesmo processo foi aplicado a mim, o que fez com que durante onze anos consecutivos só usasse roupa feita à medida por uma estilista, tendo a minha avó como inspiração tudo e mais alguma coisa que lhe ia surgindo nas revistas que folheava !
Deixemosde parte a magreza IN EXTREMIS das modelos que apresentaram as coleções dos seis estilistas escolhidos pela minha pessoa; sim, é verdade, é necessário ter-se altura para usar algumas daquelas peças de vestuário (nada que uns sapatos não solucionem), também é verdade que em alguns corpos mais roliços algumas peças, poderiam ficar mais desajustadas, por isso, sigamos a filosofia da minha avó paterna: adaptemos aquilo que vimos e amamos as formas do nosso corpo. Resultou com ela; porque não haveria de resultar connosco?
Por muito que ame Roberto Cavalli, Dolce & Gabanna, Chanel etecetera, o meu orçamento familiar não me permite adquirir tais peças, mas aqui ficam as dicas, as tendências e os modelitos a inspirarmo-nos para sermos umas verdadeiras femmes fatales. Este artigo compila de uma maneira algo abrangente tudo aquilo que eu usaria este Verão,sem modéstia ou pudor,para atrair os olhares dos homens para mim, para deslumbrar as minhas colegas numa reunião ou até para uma ida a praia, uma saída nocturna e um encontro a dois num final de tarde romântico.
OLIVIER ROUSTEING/MODA BALMAIN
Olivier Rousteing não poupou em sensualidade e apelo a sexualidade na coleção que exibiu na famosa RUNNAWAY Parisiense; uma coleção que nos mostra as suas tendências para a Primavera/Verão 2015. Os looks Balmain para a estação quente estão cheios de jogos de transparências e de cores fortes que contrastam com looks de preto ou branco total. A grande inspiração é a geometria e as peças têm linhas rectas que marcam o corpo feminino de forma reveladora. A paleta de cores é diversificada e conjuga toques clássicos onde cores tão sóbrias quanto o preto e o branco predominam lado a lado com cores atrevidas a coadunar-se com o calor da estação predominante: o Verão!
O vermelho fogo irrompe em tecidos esvoaçantes, largos que delineiam as formas femininas em macacões sexies, onde a transparência surge a espreita e deixa a imaginação a divagar e a saborear cada centímetro de pele desnudo. Os decotes são acentuados e leniam, conjuntamente com padrões de grades, tops azuis, vermelhos e amarelos listrados a cintura e o peito da mulher vanguardista que não sente pudor em expor discretamente, sob um tecido provocador, os seus mamilos: de nudez não se vê nada! Coragem e grafismos arrojados é a mensagem que Rousteing quer passar na sua coleção Primavera / Verão 2015.
Calças de cintura alta e reminiscências dos anos 90 no corte e acabamento das mesmas; como o caso das famosas “ calças ao boca-de-sino “ são apenas alguns dos ingredientes que tornam esta coleção tão apelativa. Quem me conhece sabe que este seria o estilo de calças que eu usaria em qualquer ocasião, com especial destaque, para o colete preto em conjugação com as elegantíssimas calças à boca-de-sino de cor negro.
Carreira e sensualidade mesclam-se nas suas criações: Rousteing quer armar o mundo feminino com uniformes clássicos e arrojados que façam as mulheres singrarem na sua carreira e, em simultâneo, façam, igualmente, um homem cair a seus pés! O elenco diversificado incluiu muitas das estrelas mais influentes do mundo da moda, tais como, Joan Smalls, Rosie Huntington-Whiteley e Jourdan Dunn. Todos os vestidos, calças e macacões eram longos e voavam pela passerelle num misto de glamour e luxúria. Sentia-se uma energia vintage no ar e uma remota lembrança dos anos 90 a invadir Paris, mas tudo isso, com um toque de modernidade implícito em cada peça.
Sem sombras de dúvida, eu usaria - ou tentaria copiar pelo menos - o design de todos aqueles fatos maravilhosos de Olivier, se assim o dinheiro mo permitisse. A acrescentar aqueles fatos, não nos podemos esquecer, dos maravilhosos sapatos a conjugar a vestimenta. Eu não sou fã de sapatos de tacão agulha, todavia, são esses que figuram na coleção da BALMAIN e são lindíssimos e aconselho-os a qualquer mulher que consiga manejar na perfeição a arte de cirandar de sapatos de tacão alto pela calçada. Contudo, eu, como necessito de um grande equilibrio para usar SALTOS ALTOS, tentaria arranjar umas sandálias abertas de cunha, em consonância com este DESIGN, e com os mesmos centímetros de altura, visto que só meço 1,60 cm
KARL LAGERFELD/MODA CHANEL
Não existe como negar, a cada temporada de moda um dos desfiles mais aguardados – se não, o mais aguardado – é sempre o da Maison Chanel. Liderada criativamente pelo sempre genial Karl Lagerfeld, não existe um desfile criado por ele que não cause o maior furor no mundo da moda. No inicio do ano para quem não se lembra, Lagerfeld transformou o Grand Palais de Paris num gigantesco supermercado, pelo qual, as modelos desfilaram por seus corredores e “adquiriram” produtos da marca. Para o desfile da Primavera/Verão 2015 foi a vez de o estilista levantar diversos estandartes a favor de variadíssimas causas numa manifestação de modelos na RUNNAWAY Boulevard Chanel, onde, mais uma vez, a modelo Gisele Bündchen brilhou e liderou a marcha ambiento-social.
O desfile Boulevard Chanel teve, mais uma vez, uma cenografia impecável e rica em detalhes, como todos dos desfiles da grife. O Grand Palais de Paris foi transformado numa boulevard onde o público foi cercado por prédios tipicamente parisienses, já a catwalk, foi a rua por onde as militantes de Lagerfeld levantaram as mais diferentes bandeiras como: direitos igual para mulheres, proteção ao meio ambiente e um protesto antiguerras, entre outros temas. Gisele, que atualmente faz pouquíssimos desfiles em semanas de moda, com toda a certeza juntou-se a causa da Chanel por ser ela própria uma defensora do meio-ambiente e embaixadora da Boa Vontade do Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente.
As roupas possuiam referências das decádas de 60 e 70 numa mixagem bem versátil que exibiu peças bastante diferenciadas como listras, muitas cores e também a neutralidade. O desfile em si, fazia-nos lembrar muito, as manifestações das alunas militantes dos eventos de Paris que decorreram no ano de 1968. As cores decaíam para um tom garrido e juvenil e o estilo estudantil comandou toda a sua apresentação, desde as franchas à anos 70 a sobressairem-se nos cabelos das modelos, a longitude dos mesmos em estilo liso.
Karl Lagerfeld, não esqueceu os clássicos que nunca saem de moda (e os meus preferidos para vos ser honesta). Não existe Verão sem um tema náutico em voga, este ano com um lado sofisticado e de inclinação retro. Uma viagem de Saint-Tropez para o mundo, com saias travadas e casacos compridos às riscas a deixar antever o que se encontra por debaixo do mesmo, num claro apelo à sensualidade. Embora o desfile da Chanel não me tenha conquistado pelo seu caleidoscópio de cores e miríades de estilos juvenis, a verdade, é que, os estilos navais são os meus “ MUST HAVES “ a possuir no meu guarda-fatos. As riscas assentavam-me bem quando o meu corpo roçava os 50 quilos e variadíssimos foram os tops ou camisolas que adquiri com riscas implícitas.
HEDI SLIMANE/MODA SAINT LAURENT
HEDI SLIMANE deveras consegue atrair uma multidão de celebridades. A preencher a primeira fila do tão aguardado desfile do Designer da Maison Saint-Laurent, encontravam-se uma série de músicos, como é o caso de Lenny Kravitz, Lou Doillon, Miles Kane, Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem Christo dos Daft Punk, Peter Doherty e Carl Barat dos The Libertines, além das ex- Yves Saint Laurent musas, como é o caso de Catherine Deneuve e Betty Catroux.
Back to the 90`s. É o feeling que se retira desta coleção, no corte das peças e no styling, passando pelos tecidos e texturas. Slimade apresentou 55 looks, onde a subcultura dos anos 90 se poderia ver toda refletida. Não era nada novo ou inovador, mas sim, um flashback aos revestimentos de couro preto, as jaquetas de camurça curtas e vestidos minimalistas, onde a cor vermelha, revestida de pinceladas padronizadas e o preto clássico predominavam. Um design que sobressai a longitude das pernas de uma mulher e se esta não as tiver longas, decerto, as sandálias ao estilo da década 60/70, revestidas de cores brilhantes e chamativas a fazer lembrar um pouco o “ Saturday Night Fever “, fá-lo-ão!
As suas tendências para a Primavera-Verão 2015 são, indiscutivelmente, novamente, um regresso a décadas passadas, e, uma eterna paixão pela sexualidade explícita, o Boudoir cúmplices do luxo com pitadas de ritmos de Rock 'n' Rollà mistura. Um estilo “ trashy “ mas cuidado! As transparências, a pele e o veludo têm um grande destaque. Os calções de cintura subida em pele, os vestidos shinny, curtíssimos, com decotes profundos a serem complementados com blazers e jaquetas em couro foram as peças que mais sobressaíram nesta coleção; um estilo casual, atrevido, sedutor e a não apelar para o romantismo, sejamos francos. Convêm realçar que no nosso quotidiano, eu achei muitas das peças acessíveis, desde que adaptáveis ao nosso corpo; para começar os belíssimos vestidos shinny com jaquetas em couro! A profundeza dos decotes podem ser ultrapassados com alguma imaginação à mistura e alguns adereços interessantes.
As expetativas do desfile foram totalmente cumpridas pelo Diretor Criativo da grife de Saint Laurent, recolhendo este uma vasta ovação da crítica e aplausos do seu público que não lhe poupou elogios ao seguimento da sua linha FLASHBACK!
ISABEL MARANT
“ Eu não desejo criar roupas para uma multidão, fazer com que todos possuam um aspeto semelhante. Não é um uniforme que eu pretendo criar. O Meu objetivo é vestir as mulheres, mas para a sua vida cotidiana. Na maior parte das vezes as mulheres fazem variadíssimas tarefas no mesmo dia, desde cuidar dos seus filhos, trabalho, sair e gozar a vida. Enquanto mulheres, nós desejamos estar vestidas de forma adequada para todas estas ocasiões, mas é-nos impossível mudar de vestimenta de hora em hora. O meu objetivo é fazer roupas que sejam confortáveis, onde as mulheres se possam manter ativas, e serem sensuais e femininas, em simultâneo. Sou atraída pelas coisas mais confortáveis que tenho no armário e é esse conceito que passo para a minha coleção “
A coleção Primavera/Verão 2015 de Isabel Marant apresentou peças de roupa suficiente casuais para possuirmos em qualquer um dos nossos guarda-roupas. Todas as peças possuem um sentimento tribal que salta instantaneamente à vista. Com texturas como rafia e franjas, as peças da designer espelham um estilo boho-chic. Desde ponchos a saias plissadas, passando por vestidos cintados com camadas de tecido estrategicamente sobrepostas, Marant deseja ser tribal sem ser demasiado óbvia. Os tons dominantes são o branco sujo, o bordô e o preto. As sandálias estilo gladiador acompanharam todos os looks da coleção.
A coleção da parisiense Isabel Marant está concebida para um estilo jovem, moderno, elegante e prático, e para quem gosta de conforto aliado a qualidade e elegância. Num jogo fácil de luzes onde a neutralidade das cores subsiste e nada berrante ou garrido se destaca, as saias plissadas bem acima do joelho, a mostrar as curvas mais apetecíveis femininas são um MUST HAVE a adquirir este Verão. A juntar-se-lhe temos os minivestidos adornados com cintos, igualmente tribais e plissados, em redor da cintura. Muitas das peças eram em crochê; desde tops pretos e brancos, a calças caqui!
As peças eram leves e jovens com um toque de chiqueza e descontração mesclados numa só vestimenta. Calças de renda foram combinadas com tops de alças de malha, blusas de tecido fino foram complementadas com saias em camadas sobrepostas. Minivestidos pretos repletos de pinceladas femininas foram apresentados na sua coleção, com especial destaque para o vestido preto brilhante com um ombro drapeado.
Os looks da coleção Primavera / Verão 2015 de Isabel Marant não tinha adereços (a simplicidade e o sentido minimalista marcaram toda a sua apresentação), provavelmente uma outra técnica para obter a atenção do público com roupas orientadas especificamente para a mulher multifunções do nosso dia-a-dia; uma mulher que nunca deixa de ser sexy, ainda que revestida num look mais casual e despretensioso. A miríade de vestidos curtos e saias, apresentadas por modelos bronzeadas e com um toque romano, reforçada pelas suas sandálias planas de estilo gladiador, mostraram-nos um design contemporâneo, boémio e emblemático onde qualquer mulher sentir-se-á confortável e deslumbrante.
Eu não sou grande apreciadora das sandálias de estilo gladiador, como tal, teria de encontrar umas de outro estilo com alguns centímetros à mistura que me pudessem dar altura, e, claro, no meu caso, o flagelo de ser roliça condiciona muito estas minhas escolhas, mas se ainda mantivesse os meus 50 quilos, acreditem que estes seriam os estilos a ter em conta para este Verão, portanto, mulheres belas e adelgaçadas não deixem passar ao lado estas dicas!
VERÓNICA ETRO
As coleções que foram apresentadas este ano em Milão, decerto, foram todas contagiadas pelo espírito saudosista da década de 70, visto que todas elas nos remetiam para esse período, e Verónica Etro não é exceção à regra. Sendo uma coleção toda feita à mão e sem recursos às novas tecnologias (algo que me chamou muito a atenção), a coleção de Verónica favorece a imperfeição em contraste com as nuances industrializadas do mundo moderno.
Tendo um estilo boêmio e de espirito livre, toda a coleção está revestida de cariz humano, dedicação emocional e emancipação feminina; autonomia, vá, digamo-lo por outras palavras, autossuficiência também! A customização, o tingimento, o corte, os desenhos nos tecidos, as franjas e todos os acabamentos finais estiveram na mão da própria Verónica que afirma: “ Eu imaginei uma mulher nas dunas do deserto, uma artista que vive sozinha no seu refúgio e autocria-se, reinventa-se… “
A coleção inspira independência e profissionalismo. A designer apostou na natureza e numa tendência hippie que nos traz reminiscências da década do movimento “Flower Power”. Colares com penas e missangas, padrões étnicos, ponchos e vestidos compridos. As franjas estão presentes em quase todas as peças. Os tons terra dominam os looks, sendo que o camel, o azul claro e o bege foram os que mais se destacaram. As influências nativo-americanas encontram-se todas lá presentes, e, talvez seja isso o que torna esta coleção tão especial. A paleta de cores é hipnotizante; vestidos em efeito Navajo passeiam-se pela catwalk, vestidos esvoaçantes trazem um sentimento de alegria, descontração e festividade às suas criações.
Impossível é, escolher um look só para juntá-lo as nossas peças MUST HAVE; pois, todos os vestidos, blusas e calções são deslumbrantes e eu usá-los-ia numa saída a dois para conquistar o meu par, sem qualquer hesitação, tendo a certeza absoluta que deslumbrado ele ficaria e seria incapaz de resistir as minhas botas pelo joelho, em tons camurça, com franjas, aos meus vestidos de padrões étnicos e a todos os meus acessórios adjuvantes a complementar o meu look perfeito: brincos e colares artesanais saídos de uma reserva nativa indígena.
Não, jamais levaria este look para o meu local de trabalho, tendo em conta, que muito provavelmente, não encaixar-se-ia nas normas do dress code da empresa e arriscar-me-ia a levar uma sanção da diretoria, mas, num convívio de amigos, numa viagem lúdica ou num encontro romântico a dois, esta seria uma das minhas escolhas perfeitas: Verónica é um talento a não ser subestimado no mundo da moda e a sua coleção Primavera/Verão 2015 mostra-nos isso!
EMILIO PUCCI
Este Verão os meus gostos decaíram quase todos para um caleidoscópio de cores garridas, a fazer lembrar muito os anos 70; uma década que me encanta e, cujo estilo, se adapta muito a minha maneira de ser, a eterna hippie em busca da utópica liberdade! E esse pareceu também ser o conceito da moda exibida em Milão (já o vimos na coleção de Verónica Etro), em Gucci, Prada (embora não estejam aqui referenciados) e voltaremos a vê-lo na coleção Primavera/Verão 2015 de Emilio Pucci, concebida pelo seu designer norueguês Peter Dundas.
A coleção de Peter Dundas encarna um espirito boêmio e despreocupado, mas situado num contexto contemporâneo. Numa espécie de trip aos anos 70, o designer criativo da Maison Pucci, leva-nos pela mão num passeio por ponchos macramé, calças a boca de sino, flores bordadas em blazers e vestidos fluidos hippies ultra sofisticados. Extremamente feminina, esta coleção vai das calças de cintura descida aos vestidos voluptuosos que fecharam o show com uma divina Naomi Campbell a enverga-los. No desfile houve uma explosão de cores psicadélicas; vestidos fluidos com decotes profundos, onde o tema floral é uma constante à relembrar-nos sempre que o Verão está implícito em cada peça e a temática “ Flower Power “ também.
Design dos Flyers: Vanessa Paquete 2015 ©
Textos & Crítica: Vanessa Paquete 2015 ©
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