CONFISSÕES PARTE II / AMIZADES :AS PESSOAS QUE MARCARAM, SE FORAM E DEIXARAM SAUDADE
Desprovida de grande imaginação nos dias que correm, gostaria de falar-vos daquilo que me vai cá dentro. Tem sido um dos tópicos do meu Blogue no último mês, após algumas desilusões de balde de água fria.
Eu funciono submissamente como os ponteiros de um relógio; para obterem algo extraordinário de mim a nível literário, de crítica cinematográfica ou até fotográfico é necessário que alguém me dê corda; ou seja eu só funciono EM FUNÇÃO DO OUTRO!
É algo que faz parte da minha personalidade e que ninguém jamais conseguiria mudar !
Por isso, o meu Blogue voltou a ser Up Close & Personal porque não me apetece falar de outras coisas mais importantes e HOJE gostaria de vos falar de uma grande amiga que perdi e do valor da amizade!
Sendo eu uma grande fã de música, aliás uma suposta acérrima fã de música que até possui no Sul, supostamente, uma melhor amiga com quem faz duetos, não deixa de ser irónico o facto de nunca ter sabido as músicas preferidas das minhas melhores amigas.
Parece algo incompreensível para quem me conhece!
Como não poderei eu saber a música preferida das pessoas com quem dividi todos os meus segredos, passava horas ao telefone e até apartamentos cheguei a dividir?
Não, não sou uma má amiga…
A questão é que – curiosamente – as minhas melhores amigas eram detentoras de uma cultura, sabedoria, maturidade e inteligência tal que não havia espaço para brincadeirazinhas de modelos & canto!
Essas são outras experiências que vieram a seguir desde que me mudei para o Sul e que eu AMO porque amo cantar e fazer duetos e considero uma dádiva ter encontrado alguém que parece a minha alma gêmea musical e puder compartilhar com ela os meus gostos e puder canta-los é fantástico mas, no fundo, fica um vazio enorme porque essa pessoa não sou eu! Soa-me a infantilidade tudo isso (karaokes, saltinhos, rodopios); parece que a labreguice desta aldeia me transformou numa pessoa patética e me arrancou metade do cérebro!
Sempre apreciei pessoas sérias! De verdade! Não foi à toa que o Diogo Morgado me impressionou tanto. Se durante anos nunca olhei para o seu cabelo esvoaçante nem o seu corpo de Adónis nem o seu 1,90, é absolutamente óbvio que aquele HOMEM só me impressionou a partir do momento que trocou um parágrafo comigo e depois uma discussão comigo…
Muitas pessoas desmaiam por ter um autógrafo dele ou uma selfie e contentam-se com tal.
Vá, também não vou mentir, e dizer que não era giro ter uma selfie com ele, não sou cínica a esse ponto.
Eu, desde o inicio, que tive plena convicção que haveria de opinar com ele, fosse acerca do que quer que fosse porque era com o seu intimo que eu desejava mexer, o seu psíquico, a sua capacidade de pensar e analisar…
Depois de ver tantas entrevistas, foi-me óbvio percecionar quem era o Diogo Morgado!
Evidentemente que desejava ter uma série de conversas fascinantes com ele acerca de uma série de coisas que ele só partilha com os da sua intimidade. A acrescentar ao pacote, apercebi-me que o Diogo Morgado era realmente um homem muito bonito e ridiculamente sexy e despojado de certos artífices. Era um osso tão duro de roer que só dava mesmo vontade de lhe dar uma dentada e ficar com o sabor nele na boca.
Felizmente para mim que sou ousada e atrevida QB, consegui mesmo roer o osso!
(Ahhhh, nahhh, nahhhh, nahhh, não tenham logo pensamentos maliciosos e perversos).
Eu tive sorte: entrei em grande!
Acabei atirada do abismo!
(Vá, um dia, conto-vos a história)
Foi o acaso – na realidade – que fez com que discutíssemos.
Não foi premeditado.
Eu tive realmente uma crise de inveja e ciúmes e exasperação por falta da atenção da parte dele, mas, não vou falar dessa história hoje porque o que eu tentava explicar aqui era que a razão, pela qual, eu gosto tanto do Diogo Morgado é por ele ser um homem que dá luta, que nos chocalha os neurónios, que nos faz pensar e abre-nos horizontes.
Ele é tão apetecível que muitas mulheres que conheço só o veem pela parte física e a beatitude.
Eu acredito que o Diogo Morgado é um homem pelo qual, mulheres como eu, perder-se-iam completamente porque, para além de o amarmos fisicamente piel contra piel y cuerpo contra cuerpo, ainda ficaríamos horas infinitas e incansáveis a escutá-lo falar de tudo e de nada e beberíamos as suas palavras como água pura da fonte mais cristalina; jamais descuraríamos o seu psíquico e a sua índole.
O Diogo era bem capaz de se transformar num guru: algo nada saudável e muito perigoso. Upsss, esqueci, ele foi mesmo um profeta na grande tela, ou seja, como eu ia dizendo, está-lhe no SANGUE e se ele o quiser refutar vai ter de partir todos os espelhos por onde passar. Contra factos não há argumentoss, querem ver ? E é a primeira vez que eu me manifesto acerca do filme " Son Of God " e a série " The Bible " que era já para não causar polêmica.
Oprah: " Tu eras o Jesus que eu imaginava nos meus sonhos! "
Comunidade Feminina a Nível Mundial: " Meu Deus.... Um anjo caiu do Céu? Que é isto? God Dammit!
Vanessa: " Óbvio, não duvido que o Diogo fosse o Jesus dos sonhos de toda a gente. Ainda nos é permitido sonhar; não? Mas a verdade, é que se me vierem falar pela milionésima vez na humildade com que fez o papel (o que não duvido) e na perfeição com que o interpretou (aliás acho que a Academia nesse ano deveria ter aberto uma vaga para um filme de cariz épico e ter dado o Óscar ao Diogo - contra muitas probablidades e trâmites e afins - mas é o meu parecer) e não acrescentarem o que é ÓBVIO, desculpem mas o vosso cinismo roça no intolerável ! O Diogo é um homem lindo. E se ainda continuarem a insistir na mesma cínica tecla que não escolheram o Diogo para atrair audiências em massa, cativar os jovens e conceder à população mundial o " JESUS DOS NOSSOS SONHOS ", então reparem no seu seguidor na saga, o belíssimo argentino Juan Pablo Di Pace. Eu quando era miúda adorava os filmes biblícos. Se alguns anos mais tarde me disessem que autênticos modelos de perfeição feitos Adónis seriam os " Jesus Cristo " da nova geração teria ficado de boca aberta, mas são-no, por isso, pouquíssimas vezes toquei no assunto da Biblía até aos dias de hoje.
Como já o afirmei por diversas vezes; não sou apologista de idolatrias, e já as tive por pessoas comuns que entraram na minha vida e me fascinaram a tal ponto que fiquei cega por elas, quanto mais idolatrias por alguém, cujo um autógrafo mais uma fotografia no amazon.com excede 150 Euros…
Mas em boa verdade ele é um homem de sonho e só o deixaria de ser se desorganizasse os meus filmes, os meus livros e os meus CDS. De resto quem não deseja um homem que ame a sua família, deseje proteger amar e construir uma e transpire intelecto, inteligência e simpatia?
Vá, mintam-me que eu gosto!!!
Bom, recuando, e voltando a seriedade que tanto aprecio nas pessoas…
Eu sou realmente séria. Nada dada a brincadeiras. Sou até azeda e amarga com uma pitada de sabor a fel. Sou muito stressada, nervosa, tenho ataques de pânico desde há uns anos para cá e não saio para a rua sem uma série de drogas atrás (legais, óbvio)!
Apenas as minhas melhores amigas conseguiam puxar algo substancial em mim!
Não, não andava a fotografa-las nem aos pulos com elas a dançar músicas dos anos 90.
As minhas melhores amigas eram uns crânios.
As melhores do seu Curso.
Uma formada em Ciências Políticas e a trabalhar com um Ministro e outra filha do melhor Oncologista do país e formada em advocacia; se eu dançava Spice Girls com elas?
Não me parece! Não acham?
As saudades que sinto delas desde que me mudei para a labreguice de uma aldeia alentejana?
Milhões de saudades!
Saudades de jantarmos juntas. Saudades de irmos a compras juntas. Saudades de irmos ao cinema juntas. Saudades de nos entreajudarmos profissionalmente; saudades de ir fazer umas traduções e retroversões de uma série de documentos de estado para o Sr.º Dr., enquanto a Rute tratava de uma série de assuntos de agenda do Sr.º Ministro.
Saudades de sermos interrompidas no cinema por uma chamada dele porque necessitava de uma recarga para a sua caneta de tinta permanente (vejam só que até disso sinto saudades), saudades das nossas conversas acerca de coisas sérias, saudades de me sentar com a Rute na Sexta-Feira à noite, jantar num restaurante e trocarmos os nossos pareceres acerca dos “ nossos Tiagos “ (ironicamente ambas tínhamos histórias com Tiagos) e discutirmos assuntos profissionais.
Saudades de eu desabafar a minha vida com ela e ela dar-me conselhos sábios e pertinentes.
A Rute jamais saltaria. A Rute jamais iria a um karaoke. A Rute jamais gritaria e a Rute jamais/jamais cantaria, fosse que canção fosse comigo, mas é da Rute que eu sinto falta…
Sem a Rute, eu perdi os meus jantares de Sexta à noite, as minhas idas ao cinema no Domingo, as minhas compras no shopping, as minhas idas ao Bit Bar à Quarta-Feira, as minhas incursões a praia, as minhas tertúlias literárias, aquele riso tímido numa face de alabastro, adornada com um cacho volumoso de caracóis cor de fogo (sempre lhe invejei o cabelo)!
A Rute nunca saberá nada do que se passou na minha vida nos últimos anos e também nunca saberá o quanto eu sinto falta dela… A Rute nunca saberá…
E a Lara? Meu Deus a Lara!
A minha maior crise de amor após ter amado uma série de homens na minha vida adulta!
Não, não sou lésbica, subentenda-se, mas sofri tanto com a separação da Lara que chorei meses a fio e creio que a partir daí nunca mais quis ninguém na minha vida.
Eu e a Lara fomos um caso mais sério.
Dois anos a compartilhar um apartamento juntas. Erámos como irmãs e a Lara possuía cinco irmãos que amava e adorava mas ainda tinha lugar no seu coração para uma sexta aquisição e, para minha sorte, era eu a que vivia com ela no Porto.
Se cantávamos juntas ocasionalmente uma vez por semana? Claro que não! Que idiotice!
Erámos umas irmãs inseparáveis mas nunca tivemos tempo para discutir música!
Fazíamos tudo juntas. Eu com trinta e tal anos e ela com vinte e tal. Íamos a universidade juntas mesmo eu não estando matriculada (eu assistia as suas aulas no curso de advocacia).
Estudávamos juntos infindáveis casos hipotéticos para as suas provas orais. Almoçávamos, lanchávamos e jantávamos juntas. Partilhávamos as alegrias e os dissabores dos meus casos amorosos e os problemas importantes da vida também. Eramos as duas seríssimas. A Lara raramente ia a Queima das Fitas, não por falta de convites, porque a Lara tinha uma tez morena de enlouquecer qualquer espécime masculina, um cabelo escadeado a tombar-lhe suavemente pelas contas e uns olhos rasgados à Cleópatra.
Na altura, ambas eramos um pote de luxúria e atrativo masculino.
Ambas muito bonitas, a minha feminidade nunca vinha ao de cima de mim, mas a Lara passava horas diante do espelho a maquilhar-se, a colocar rímel nas suas pestanas onduladas e a arranjar-se para assistir as aulas. Dona de um estilo muito próprio, possuía roupas caríssimas e chiques. Óbvio que puxava muito por mim e talvez ela própria tenha contribuído para uma série de namorados que tive na altura.
A Lara era extremamente madura para a sua idade tão precoce. Muito atenta a mim. Os papéis de irmã mais velha & mais nova, aqui foram invertidos. Todos os dias, quando chegava a noite da universidade, entrava-me porta adentro pelo quarto para colocar a tertúlia em dia, perguntava-me sempre se já havia jantado, se queria ir até a cozinha (em noites de Inverno), comer uns crepes e um chocolate quente. Em noites de Domingo de Verão fazíamos lasanha e francesinhas para os inúmeros moradores daquela casa (namorados, irmãos & afins)!
A Lara nunca batia a porta do meu quarto, o que fez com que se deparasse com situações embaraçosas de quando em quando (especialmente quando estava com namorados).
Contava-lhe todos os meus casos. Todos os meus beijos. Com quem dormia.
A Lara fazia o mesmo comigo. Eramos irmãs!
Tudo o que se passava nas nossas vidas era dividido. Apenas eu conhecia um segredo que mais ninguém da sua família ou amigos íntimos conheciam e apenas ela conhecia os meus segredos!
A Lara tinha medo de trovoadas e relâmpagos; lá pegava eu na minha almofada e mudava-me para o seu quarto e para o beliche de cima. Ficávamos a conversar até adormecermos.
A Lara não gostava da solidão; chegava a casa da universidade, vestida o seu pijama, calçava as pantufas e vinha para o meu quarto. Sentava-se na ponta da cama, comido enroscada nos lençóis, sentava-se em posição fetal, com as mãos a apoiar o rosto junto aos joelhos e conversava comigo até eu estar perdida de sono.
Sempre que eu arranjava um trabalho, a Lara telefonava insistentemente, só para saber por onde eu andava e era tão bom.
Eu e a Lara dividíamos as tarefas da casa. Íamos as compras juntas. Cozinhávamos juntas. Tomávamos o pequeno-almoço na pastelaria juntas. Íamos a praia juntas e passávamos temporadas na sua casa de praia em Aveiro e íamos até a sua mansão em Santa Maria da Feira.
Eu e Lara discutíamos a vida amorosa do seu irmão João juntas. Um homem que até hoje não compreendo como lhe consegui resistir sem me dar uma sincope cardíaca. O João familiarizou-se comigo, o que fez com que acordasse e se passeasse pela casa em boxers a bocejar. Nada disso teria qualquer importância se o João não fosse um crânio, lindo de morrer e um Adónis.
Devia estar cega também, seguramente!
Em suma, eu e a Lara eramos a metade uma da outra, a tal ponto que até em termos de feitiçaria a dita prática éramos feitas por mim, devido aos meus supostos comprovados e certificados dons outorgados por algumas pessoas que juraram a pés juntos que eu os tinha. Iniciada a prática, a Lara foi a única a aperceber-se que a cor da minha iris mudava de tom quando eu proferia as palavras dos ditos rituais de proteção. Então, lá íamos nós para o banho juntas (ritual que parecia excitar os nossos namorados sem que nunca tivéssemos permitido que estes interferissem ou se lembrassem cá de histórinhas), banhávamos o corpo uma da outra com ervas e sais e palavras ancestrais e eu dava-lhe a minha força através da minha energia (devemos ter assustado muitas inquilinas).
Quando a Lara me deixou (isto parece muito romântico mas é só amizade) eu chorei que nem uma carpideira meses a fio. Foi como se tivessem arrancado um pedaço de mim. Fechei-me para sempre. A Lara nunca saberá nada do que se passou na minha vida nos últimos anos e também nunca saberá o quanto eu sinto falta dela… A Lara nunca saberá…
Relegada para uma aldeia de final de mundo sem as minhas amigas do norte advogadas e formadas em ciências políticas, apenas encontrei uma alma gêmea musical com quem nada debato a não ser música. E se acham que a frustração não é grande, é tão grande que já cheguei a cortar relações com ela por mais de um ano. Aparte a música, não sei em que mais poderemos juntar os pontos. Sinto que esta aldeia me engoliu, me empobreceu o espirito, me partiu o coração, me emburreceu dramaticamente…
Não consigo fazer com que a Carla esteja comigo mais do que uma vez por semana. Tudo o que fazemos nessa altura é musicalidades: nunca a consegui levar a um cinema, a um teatro, a uma shopping, a um passeio…
Tenho vagueado pelo Sul sozinha que nem uma eremita. A quantidade de selfies que aglomerei no Sul demonstra bem o quão sozinha estou; tenho uma coleção ridícula de selfies!
A solidão é imensa. A frustração também. Quero as minhas amigas cultas, letradas de regresso a minha vida para pudermos debater ideias e irmos ao cinema e passearmos pela cidade.
Vá, animem-se, nos próximos capítulos vamos falar do Maluco Beleza do Rui Unas, de americanas, de redes cibernautas, de religião, de cinema e de tudo aquilo que aprendi nos últimos seis meses à custa do Twitter.