TIAGO MADALENA VERSUS MARCO: O QUE É QUE EU E LAURA PAUSINI PARTILHAMOS DE COMUM NAS NOSSAS VIDAS ?
Eu posso ter mil e uma paixões, mas serás sempre tu o meu amor, é o que eu possuo de mais belo, profundo na minha vida; não, não é exagero se eu disser que daria a minha vida por ti, é a verdade, porque a minha vida não faria sentido sem a tua, eu amo-te como nunca amei ninguém. Eu já amei outros, mas este amor sempre foi assim: incondicional, eu não tenho nada teu que possa chamar de meu, nada do que eu realmente queria. Houve um tempo em que eu me tornei obsessiva, houve um tempo em que pensei que estava louca, mas esse tempo felizmente passou, hoje eu tenho cravado em mim esse sentimento que só Deus sabe a dimensão, e eu sei que é amor. Eu amo-te de todas as formas que se possa amar uma pessoa, e não importa o tempo que passar, vai ser amor, talvez ele mude, se transforme, mas será amor, e por ser amor, ele é livre. O meu maior conforto é a tua felicidade, eu não sei quando comecei a amar-te assim. Eu vou estar sempre aqui quando mais ninguém estiver, e tu sabes disso, vou deixar-te sem mim sempre que assim o pedires, e mesmo assim vou procurar saber como tu estás e onde estás; como eu já te disse, é amor! Não importa se estou perto ou longe, se tu me amas ou odeias, é e sempre há-de ser amor…
Vanessa Paquete 1998 ©
Há uns tempos atrás, em conversa privada com alguns amigos estrangeiros e depois com a cantora italiana Laura Pausini via CHAT, chegamos a uma conclusão irresoluta da minha parte; que nenhum tema da sua discografia se adaptava a alguma estória que eu havia vivenciado. Laura, sabendo da minha vida ativa e até agitada a nível de romances, estranhou que nenhuma das suas composições se adequasse a um único episódio da minha vida, todavia, tristemente assim se constatava ! Eu argumentei que ela sempre fora uma cantora muito romântica que até a data de 2004 focara muito dos seus temas no amor consumado, ora o meu maior problema era um amor não consumado e abstracto e – para isso – eu poderia citar todas as suas composições e nenhuma iria encaixar-se na estória.
Apenas a partir de 2004 com o término do seu relacionamento com Alfredo Cerruti é que Laura empreendeu um mecanismo de exorcismo de dor através das letras das suas canções: fora traída, subjugada, negligenciada e roubada profissional e financeiramente. O golpe foi duro para a pobre Laura que após dez anos de relacionamento viu a sua vida virada de cabeça para baixo; muitas lágrimas e confidências partilhadas com os seus fãs e amigos mais intimos via chat, ajudaram-na a ver que aos trinta anos de idade poderia recomeçar a sua vida de novo. O que nós lhe damos de atenção, afeto e carinho Laura retribui sempre na mesma moeda, escutando-nos, dando conselhos e sendo a irmã mais velha onde podemos depositar as nossas mágoas e angústias.
Ora, eu tendo vivenciado tantas paixões, não conseguia encontrar um tema a minha altura: não sofria de saudosismo pelos exs perdidos, não sofria ou sofrera sequer por nenhuma mulher que tivesse entrado na vida deles, não revivenciava relacionamentos (uma vez a porta fechada esta não se abre nunca mais), não sofria o final das relações; não tinha por hábito vivenciar tudo aquilo o que Laura escrevia nos seus temas após o término de uma paixão.
Chegamos a terrível conclusão que, porventura, nunca os amara de verdade. Não engrenava naquele mecanismo de idas e retrocessos tão habituais nas relações, chorava as minhas lágrimas e finda a dor retomava sempre a busca pelo meu amor não consumado; era como que um desafio que me ajudava a abstrair-me das hipotéticas ausências!
Quando Laura concluiu vinte anos de carreira, lançou no mercado o álbum que celebrava o seu vigésimo aniversário no mundo fonográfico. Por essa altura, Laura, sentiu-se mais à vontade para nos confidenciar alguns dos seus segredos mais intimos.
Durante muitos anos especulara-se acerca do tema “ La Solitudine “ ; será que Marco existia ou não ? A pergunta ficou sempre no ar sem resposta, porém, Laura saciou-nos a curiosidade ao confidenciar-nos que efetivamente existira sim um Marco, pelo qual, se apaixonara na adolescência. Para nossa grande surpresa, Laura mostrou-nos numa edição DE LUXE o seu diário intimo de adolescente com as fotografias de Marco lá coladas, o comboio que costumava apanhar as 07:30 da manhã conjuntamente com ele e, inclusive, com a autorização do mesmo, atreveu-se a mostrar-nos a fotografia de Marco já feito homem adulto.
Afinal, o Marco de “ La Solitudine “ é um jogador de futebol de um clube citadino/distrital que já na época dava os seus toques na bola. A fotografia que Laura exibiu em primeira mão foi a de um Marco futebolista a envergar as cores azuis do seu Clube e em posse de futebolista, claro está ! Não possuindo uma música que se adequasse a nenhuma estória minha, recordei-me do quanto sofrera quando o Tiago abandonara a Secundária no ano de 1998 e o quanto só me sentira, perdida e alienada, tendo como única lembrança dele uma fotografia sua no meio dos meus cadernos. De repente, o primeiro grande êxito de Laura que vendera milhões e a consagrara em todo o mundo ganhara um novo significado para mim: eu e a Laura tínhamos em comum, o Marco, o Tiago e “ La Solitudine “ !
No ano de 2004 eu empreendi uma longa carta ao Tiago com cerca de sessenta e três páginas (não, não estou a brincar) onde a intenção era pedir-lhe desculpas e explicar-lhe o porquê disto e daquilo. Como sempre, o Gustavo, que é Balança como o Tiago, disse-me de lata que nem da primeira página teria passado porque cansa muito e que é apologista de pessoas que agem ao invês de se esconderem atrás de palavras e fotografias, portanto, para o Gustavo eu deveria mesmo era ter falado com o Tiago. Eu encolho sempre os ombros a tais pareceres porque não compreendo como alguém acha eu teria coragem de empreender fosse que tipo de conversa fosse com o Tiago; bastou-me ser escurraçada aos dezasseis anos de idade para perceber que olhar o Tiago nos olhos e pedir-lhe desculpas ou dizer-lhe o que quer que fosse era mortifero ara mim: eu nem sequer conseguia olhar naqueles olhos sem quase desmaiar, quanto mais, por isso esconder-me atrás das palavras sempre foi o escape perfeito.
Nessa carta, eu relato a parte em que o Tiago abandona a escola em 1998, vincando a inquiétude que senti, o vazio vivenciado por mim a contemplar o branco das paredes, o não conseguir estudar, o não ter mais capacidades para frequentar aquela escola sem ele dentro de uma sala de aulas ou a cirandar pelos corredores (na realidade, abandonei a escola quatro meses após o Tiago o ter feito), relato-lhe a solidão que vivencei, a carência da sua presença, o quanto tudo estava cinzento sem ele e os poemas que escrevia e a fotografia no meu diário/agenda pessoal (como lhe queiram chamar)!
As coincidências fizeram-nos dar umas belas risadas (a mim e a Laura), mas ainda continuo a não possuir à letra as LYRICS da minha estória de amor não consumado, quiça, talvez um dia Laura me faça o agrado e escreva algo acerca de um amor enjeitado ! Quiça, no seu próximo álbum de originais: SIMILI ! Por ora, nós continuamos a ter em comum: “ LA SOLITUDINE vive em mim e a inquiétude de não saber viver a vida sem ti. Imploro-te, espera-me… “
Este tema ser interpretado por Laura e Lara foi a cereja no topo do bolo, visto que são duas artistas, a qual a minha vida está muito ligada, quer a nível emocional, pessoal, quer a nível profissional: são duas amigas intimas e duas das melhores interpretes do mundo. Ser interpretado em Roma, na Piazza de Espanha, também lhe trouxe mais magia ainda pois por lá vivi momentos muito agradaveis e saltitei inúmeras vezes na sua escadaria, chegando a cantar na igreja da santissima Trindade para a Comunidade francófona do Quebéque diante do seu bispo. A magia com que estas duas artistas cantam um tema juvenil já nos seus trinta e tais anos de idade é desconcertante !