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FIFTY SHADES OF VANESSA PAQUETE

FIFTY SHADES OF VANESSA PAQUETE

DREAMING OF YOU

 

 

{#emotions_dlg.mad} Ontem à noite apareceste-me em sonhos. Não sei porque razão foste tu a consagrar-me com o prazer da tua presença, se , era com a minha " suposta " irmã que eu          havia discutido... Oh Tiago, eles fazem-me rir. Hoje de manhã cheguei aqui ao Blog, e os olhares cuscos daquela família, impenetravelmente, já haviam esmiuçado as          minhas entretidas conversas contigo. Devem ter feito deligências familiares para se apossarem destas linhas e vídeos meus online.Já não consigo fitá-los com             complacência ou ficar entristecida pelas palavras do meu pai. O meu senhor pai e minha irmã acham-se, no legítimo direito, de me julgarem sem qualquer condescência (aliás acham-se todos) e afiançar aos seus conhecidos e desconhecidos que não sou uma rapariga de juízo. Ora, tal parecer, é injusto e golpeia-me a honra e o orgulho. Por demasiado tempo, fui uma vassala, mendiga de amor paterno, pedinte de afeto aos meus irmãos... Hoje, procuram evidências e provas para instarem processos judicias contra mim, ora no Facebook, ora naquilo que te escrevo. Na realidade, tu próprio poderás colocar a hipótese de o fazer. Bem, lamentavelmente, meus " amores " não possuo qualquer bem, nem um cêntimo na conta bancária que me possa ser esturquido. Podem tentar penhorar as minhas " afirmações de amor " . Escusado será desejarem penhorar-me um salário inexistente, visto, que não possuo rendimentos fixos, tão pouco sou assalariada por outrém, nem por conta própria...

E acaso o desejem fazer, é melhor fazerem como na Loja do Cidadão, tirar um Ticket, e aguardar a vez de serem atendidos {#emotions_dlg.ok}, portanto, imaginem o quanto a pobreza , no meu caso insólito, é uma aliada na minha luta ! Possuo uma boa índole e bom carácter, por isso, não tentem penhorar-me tais traços da minha personalidade, mas, cansei-me de ser sensata e educada... No meu sonho contigo, tinha inúmeras queixas a carpir e incontáveis ofensas a enumerar e fiz de ti o recetor das minhas lamúrias; pobre Tiago, mas aquela família exaspera-me os neurónios!


Todavia, o texto abaixo , é de um outro sonho. Daqueles que se dão há meses atrás e - num momento de inspiração - o relatamos.
Já remonta a 2010, devo confessar-te ! 

 

 

 

Hoje voltei a sonhar contigo Tiago...

 

Povoares (novamente) o meu universo onírico é um privilégio, do qual, jamais prescindo!

 

Desconheço há quantas horas estava eu, submersa no leito, adormecida pelos meus típicos indutores do sono que, desta feita, tiveram uma sobrecarga acrescida devido aos acontecimentos penosos dos últimos dias...Perdi-me nos ponteiros do relógio e no crescendo colossal dos dias que se estendem e se prolongam, sem cessar, um após o outro...Abrir as pupilas dilatadas e ter de enfrentar a luz do dia é algo que se me afigura quase impossível. Sempre que sou assaltada por uma crise deste género, assumo atos vampíricos e prescindo do dia para não ter de enfrentar o azul toldado do Céu que se espelha lá fora e os raios incisivos e convictos do Sol que teimam em nos agraciar com o seu calor ; prescindo de tudo e refugio-me na negritude! Cerro as persianas até não puder entrar mais nenhuma brecha de luz que me avive os sentidos e deixo-me ficar assim... Imóvel para a vida, inerte para o mundo, " fechada para obras ", consumida pela dor de mais um abandono e a mercê de um ou outro indutor de sono que me rouba as horas do dia mas, por sua vez, me adormece para a dor e também faz avançar de uma maneira célere e eficaz o dia de luz que eu teimo em não querer enfrentar!

 

Abençoados " indutores do sono "!

 

De cada vez que sonho contigo enches-me com a tua presença infinita e sinto, invariavelmente, que estás sempre comigo nestas horas de amargura e nestes períodos de sono conturbado e de vigília desconexa...Nem sempre me vens visitar em sonho...Por vezes passam-se meses até que regresses ao meu subconsciente e me surjas pleno e inteiro, e em carne e osso diante do meu olhar minucioso que te perscruta os passos e te segue atentamente. Nem sempre falamos (até em sonhos nos  zangámos e utilizamos o silêncio enquanto barreira linguística entre nós já viste bem?)...Nem sempre interagimos um com o outro (não me perguntes porquê, não to sei dizer mas até em sonhos me foges, ocasionalmente )...Mas por vezes penso: é melhor assim!

 

Gosto de puder admirar-te, tal e qual um cineasta admira a sua película, milímetro a milímetro, sem pausas ou interregnos...Gosto de puder olhar-te e seguir-te os gestos e observá-los cuidadosamente e sentir que o tempo ali não conta porque (à parte os trocadilhos) é  mesmo tudo ao faz-de-conta, Tiago. Muitas das vezes reprimo o desejo e a vontade de tocar-te, estranho não achas? É que o meu inconsciente, com toda a liberdade que eu lhe confiro e que lhe é permitida, não se atreve tão-pouco a invadir o teu território, nem mesmo em sonhos ele me obedece já viste bem?

 

Mas voltemos ao sonho...

 

Estamos numa casa velha (palpita-me que seja esta que habito presentemente dada a disposição dos compartimentos e móveis).

 

Estás lá tu e o Tomás.

 

O Tomás passeia-se pela casa e vai mantendo um diálogo percetível comigo, embora os meus sentidos, já não estejam centrados nele. Vejo-me forçada a representar um papel de má qualidade, para o qual, não estou preparada: sinto-me uma péssima atriz e uma manipuladora de afetos atroz! Vejo-me, de repente, numa sala de estar com o Tomás ao meu lado a tentar atrair-me a atenção para o ecrã de um computador ligado a Internet; ignoro o contexto da situação ou o que se encontra exposto na tela daquele PC: Estou completamente alheada da sua voz ou da sua presença!

 

O Tomás zanga-se (continuo sem saber o porquê ou o que tentava ele mostrar-me).

 

Resolve servir-se da sua autoridade e manipulação de namorado para me chamar à atenção  e me abstrair do meu foco de pensamento aonde me refugiei alheada de tudo e de todos. Sinceramente, não sei o que procuro ou o que busco, com o meu olhar posto na porta de entrada da cozinha velha e enferrujada, mas é lá que tenho o meu olhar ancorado. Numa tentativa vã de me chamar a razão, o Tomás faz- um ultimato: " Vanessa, acorda! " o qual não surte qualquer efeito em mim; estou como que sob um efeito de hipnose. Começa uma contagem decrescente já num tom de voz algo ameaçador " Vanessa, vou contar até três  e a terceira espero bem que fixes o meu olhar e me dês alguma atenção"

 

Começa a contagem:

 

Antes mesmo de o Tomás puder terminar a contagem e chegar aos três, eis que surges tu, Tiago, em passos titubeantes, repleto de presença, vindo do nada (de onde terás surgido tu?)...A alegria de ver-te parece-me irreal...Desenha-se-me um sorriso rasgado no rosto. A garganta seca-se-me de repente, as pernas perdem a força e deslargo apressadamente e, quase que num ato involuntário, a mão do Tomás que, até então, se encontrava pregada na minha...Perscruto-te até ao mais ínfimo detalhe, observo-te as expressões faciais (estarás tu ciente da minha presença naquela casa?). Ages com um à vontade fora do comum (não me recordo na integra de tudo, apenas apanhei momentos soltos e um ou outro fragmento desconexo). Entras na velha cozinha e fazes uma refeição leve. Sinto-me como uma " espiã  " infiltrada ou a protagonista de uma qualquer experiência paranormal; O Tomás desapareceu subitamente como que em fuga aquele momento e tu ages como se eu tão-pouco  estivesse lá...Envergas uma sweatshirt em tons estivais e uns jeans casuais...

 

Para variar e como já é hábito nestes meus sonhos a tua longevidade mantêm-se...

 

O meu subconsciente não me deixa virar as páginas do calendário e lá te manténs tu nos teus dezanove/vinte anos de idade como se, no meu mundo do onírico, para ti, a ampulheta do tempo meu querido se tivesse, pura e simplesmente estagnado...Por vezes, julgo ser imaginação minha mas poderia jurar que te vejo sempre parado nessa fase final da adolescência, ou talvez, a tua própria longevidade (continuas com ar de catraio em certas fotografias) faça com que a minha imaginação se encarregue em dar-te uns retoques finais a seu bel-prazer e eu, nos meus sonhos, vejo-te sempre assim; com o tom de pele castanho a colorir o espaço e os olhos aveludados em tom pastel a alimentar a minha sede de estética!

 

Um arrepio profundo sobe-me pela espinha e morre sorrateiramente na nuca, sigo-te em passos de lã, tal e qual, uma criança segue um amigo invisível no auge da madrugada. Um calor imenso e incontrolável apodera-se de mim e espalha-se por todos os poros da minha pele e ruboriza o meu rosto...Tu contínuas sem me ver e, num gesto brusco mas involuntário, fechas-me a porta (do teu quarto presumo eu?) na cara e eu fico avassalada e desesperada por não puder ver-te mais os olhos ou o desacelerar do teu passo e o movimento dos teus gestos...

 

Eis que surge o Tomás, de novo, que tenta  monopolizar a minha atenção para si mas vendo-me tão centrada em ti e tão ensombrada pelo meu súbito encontro com a porta daquele quarto fechada tão abruptamente sobre mim, resolve auxiliar-me, impotente ante a minha obstinação em seguir-te...

 

Não sei o que ele fez (não me questiones porque tão-pouco consigo responder-te). Apenas sei que as paredes moveram-se, como que por magia, numa espécie de incursão cinéfila à Escola de Hogwarts  e pude constatar que, para lá daquela porta, cada parede ou móvel espelhava o teu gosto e a materialização da tua própria existência. Senti-me tal e qual uma " Alice, no País das Maravilhas " tentada a entrar mas relutante em fazê-lo sob pena do escrutínio alheio e o teu próprio olhar ameaçador (ter-me-ei esquecido eu que naufragava à deriva pelas ondas do meu subconsciente no mundo do Onírico aonde tudo me é permitido e concedido?)

 

Fiquei detida naquele limbo num estado total de alienação a observar-te.

 

Olhava-te sem que me pudesses tu devolver o teu olhar...Não me vias...Nem tão pouco me sentias...Acaso, alguma vez, ver-me-ás tu Tiago ?  (Nem mesmo nos meus sonhos consegues percecionar a minha presença, consegues imaginar o ridículo e a ironia disto tudo? )...Depois do inevitável contacto com a estranheza de toda aquela situação, apercebo-me que é estúpido assumir um comportamento de normalidade absoluta porque, segundo a minha perceção, tão pouco pareço estar no mesmo plano físico que tu. Depois do contacto direto com o  «estranho fenómeno », lanço a inevitável pergunta ao Tomás que ainda se encontra ao meu lado: " Achas isto normal? "

 

Chamemos as coisas pelos nomes; devo ter enlouquecido...

 

Por mais que te tente fugir, apareces-me sempre em sonhos, persegues-me incessantemente (ou persigo-te eu?).

 

O meu cérebro parece procurar invariavelmente em ti um mapa de ajuda, um códex qualquer que lhe decifre os enigmas de uma existência vaga e tão ausente de magia e desprovida de plenitude ...

 

Procuro-te, quiçá, numa tentativa vã de me lançares em sonhos umas frases que me consolem e umas meras palavras que me expliquem o que nunca ninguém me consegue explicar. A vida aborrece-me terrivelmente e quando estou concentrada em ti ou num tempo que já foi e não regressa mais, a mente fica impedida de vaguear e é aí que ao encontrar-te me encontro a mim própria (julgo ser sempre este o propósito da minha busca)...

 

Vanessa Paquete 2014 ©

All Rights Reserved

A TIME FOR LETTING GO

 

 

 

For me - Leça da Palmeira - is a place where horrible things happened.

 

 

You were right when you said that I should be able for letting go and move forward with my life (I`m sure this words are always on your mind when the subject is ME). 

 

Four years ago, I ran away from that city without a penny on my pocket, probably because, I was trying to avoid disaster. At 19 I ran away into the arms of a fiancé for seven years. In the last years, I ran away into the arms of many people just to avoid solitude and to found some human touch and some comfort. It had nothing to do with love (as Tina Turner said “What Love Got to Do with It? " ).

 

You are the man who listens to my deepest inquisitions. I`m the kind of person that needs this kind of weird and strange connection to a bond related with the past. Most of the days I think that this happens due the absence of a family ( what might be the right answer for missing someone so much that it hurts inside as hell )...People use to tell me : " Get pregnant. Have a son. You will replace that hole in your soul. “But is not as easy as it seems... Homesickness is just a state of mind for me. I`m always missing someone or someplace or something. I`m always trying to get back to some imaginary somewhere. My life has been one long longing road full of tears and hysterical screams. Most of the times I`m always broken ( broken inside, I mean ) so to find some joy and happiness, I recapture that sweetest moments when we were just a bunch of kids, with our hands on our pockets looking at the blue/blue sky wondering what the future would be...That is the part that I miss most at unpleasant times, ME, just longing to get next to you, to reveal myself to you...And when I close my eyes to grasp that forever gone sweet souvenirs I found myself so quietly, so subtly, almost completely unconsciously doing exactly what I´m not supposed to do: LOVING YOU !

 

I`m always listening " Vanessa, you`re obsessed and this is crazy " My father used to tell me when I was young: “He is nothing to you, don’t cry because his father is buried. He is not your fiancé, not even a remote friend, he`s just a humble guy and there`ll be more to come "...Well, he was right about that: I had a lot of fiancés that made me climb the walls and that put me upside down and that made my life a rollercoaster but somehow I always come back to you;

 

It doesn`t matter at all !!! It is a pleasure to write - from time to time - TO YOU!

 

Someone close to you told me: “For God Sack, do you know at least if he gets any of the messages that you write to him. Do you know if he reads these notebooks of your loss related to him? " No, I get not even a clue all over the years but it doesn`t matter at all cause this is a wow that shall not be broken cause it is related to the only time of my life that I felt that I was human and that I had a heart full of compassion & hope, blinded by faith and seeking for dreams and you were the mirror of my dreams so what I miss most is us as kids and me gathering always around you, longing to see you in the Winter appearing with your heavy coat and some drops of rain all over your dark hair or in the Summer breeze, out of nowhere, whistling down the wind ( yes, cause you`re always whistling or humming a melody )...

 

I know you since you were a little boy. I might not know the man who asks for another round in some dive across town with his friends or the man who holds with one of his hands a cigarette and the other one a bottle of wine; I´m sure I don`t know that man but if I was not MYSELF (you know what I mean), I`m certain that I would like to meet that guy anyway.

 

All this kind of fantasies are always blowing me away cause I miss like crazy you in your seventies an ME dreaming of you deep inside the stillness of my soul...

 

I left Leça to move on with my life but I miss everyday those times when I was almost HUMAN and my heart was not a empty jar full of NOTHING, and most of all I miss YOU, my love for YOU...I don`t miss YOU now, just who you were...Sometimes people hate me and I hate people instead cause they are always telling me, in an echo of sentiments I`d heard so many times before, " Vanessa, you´re a pretty girl and you`re obviously bright enough, so why not just to try to be normal ? " I don`t know! They say death is hardest on the living. It's tough to actually say goodbye to someone... Sometimes it's impossible. You never really stop feeling the loss. It's what makes things so bittersweet!

 

Look at me!

 

I practically grew up here. It’s hurt me in ways I’ll probably never get over. I have a lot of memories of people… people I’ve lost forever. But I have a lot of other memories, too. This is the place where I fell in love. And it’s the place I met you. So I figure this place has given me as much as it’s taken from me. I’ve lived here as much as I’ve survived here. It just depends on how I look at it. I’m going to choose to look at it that way and remember you that way.

 

 

 

Vanessa Paquete 2014 ©
   All Rigths Reserved

THE GIFT OF IGNORING SOMEONE SO DEEPLY

 

 

 
PS: " ... eu não quero ser famosa... só quero saber que tu saibas o meu nome, e daí ? "

 

Escrever-te sempre significou uma catarse psíquica para mim. Quando me apercebi que teria de abandonar essa arte, senti-me nua, um ser despojado do seu bem mais precioso…


Ai, Tiago, quão louca sou eu, ainda em pensar que os teus olhos de castanho veludo possam, um dia, pousar sobre os meus sem essas nuvens negras que se amontoam na profundeza da tua iris, de cada vez que um pensamento acerca de mim te trespassa a mente. Nos meus sonhos mais íntimos, quando o céu se abre em lampejos de luz e me chama para o mundo do onírico, por vezes, a tua voz grave ruge-me em surdina como um tremor de terra. Franzes-me o sobrolho e algumas rugas desenham-se na tua fronte, o teu olhar é grave, como se uma intempérie te tivesse abarcado os olhos. De repente, esses teus olhos aveludados, contemplam-me ainda mais incisivamente, como uma bala de um canhão desenfreada, de encontro ao meu peito. Lanças-me um olhar ensanguentado de raiva e consternação, como um forte presságio da tempestade que se avizinha; evocas o meu nome numa linguagem e num vocabulário que parece relampejar, trovejar e proferir injúrias desmedidas contra mim.

 

“ Vai “ , diz-me a minha consciência, impregnada de rasgos de coragem. “ Vai, vai de encontro a esse olhar irado. Que temes, Vanessa? Na tua vida nada possuíste. A miséria abraçou-te a existência, todavia, carácter e nobreza são falhas, das quais, ele não te pode acusar. Acusa-te em nome do quê? De um velho preconceito imaturo que desenvolveu acerca da tua pessoa. Acusa-te em prol de quê? De palavras sofridas que cuspiste implacavelmente quando já mais não as conseguias conter e te queimavam as entranhas, como um fogo que não se estanca? A cobardia não faz parte do teu carácter! Tu adoraste profundamente esse homem. Cada palavra sua desoladora mitigava-te a alma… Se porventura falhaste, e decerto falhaste, deveu-se a uma luta inglória e desleal onde cavalgaste contra todas as convenções socias da época (e presentes) e contra todos os estereótipos que te foram impostos. Que esperava ele? Que te desembaraçasses de toda a tua dor e dessa noite glacial de inverno que te habitava o coração, te remetesses ao silêncio e – sem qualquer transe – aceitasses satisfatoriamente o seu desprezo? Era isso que ele esperava? Criatura cândida e demasiado escrupulosa. Não saberá ele que o coração de uma mulher é escravo dos seus ímpetos? Indiferente ao génio do bem ou do mal? Esperava ele que – porventura – o teu estado febril pela sua pessoa, não passasse de um capricho teu, um vago estado silencioso e melancólico que te roubava as forças, mas que facilmente seria reparável com outros encontros fortuitos, onde a tua sede seria saciada? Ou esperava ele, que tudo não passasse de uma frescura? “

 

Contudo, o meu corpo mantinha-se imóvel e o meu estado inalterável. Não fui. Nunca vou ter contigo se sinto, ao de longe, o sangue a ferver-te nas veias e o coração a bater tão apressado que me é impossível contar-lhe as suas pulsações e tu pareces devorar-me com o teu olhar inflamado! Nem no mundo dos sonhos consigo rebater o teu parecer resoluto, desafiar-te, vergar-te, fitar esses teus olhos e fazê-los mergulhar nos meus selvagens, arrombando essa prisão indomável do teu coração, dizendo-te: “ Olha para mim, Tiago, por favor, escuta-me. Que é preciso eu fazer para despedaçar essa tua gaiola de aço? Diz-me, que é preciso eu fazer para  obter a tua confiança, livrar-me desta vergonha e ultraje que pareço envergar sempre que estou diante de ti? Diz-me, que faço eu, para quebrar essa tua vontade férrea e indómita de me desprezares?”

 

Decorreram sete meses, desde que em janeiro deste ano, te solicitei a devolução de uma carta que te havia confiado alguns anos atrás.


Um dia, contar-te-ei a história dessa longa missiva e das repercussões que ela teve na minha vida. Mas hoje, não! Com certeza, inspiro-te repulsa e não pretendo forçar a tua simpatia. Como bem sabes, não obtive resposta – evidentemente – tão pouco leste o E-Mail, enviado, através de uma dessas redes cibernautas, das quais, nos dias que correm, fazemos parte. Ciente que nenhum laço nos une e que só a evocação do meu nome, já é pretexto de comportamentos apreensivos da tua parte, iniciei o meu texto sem grandes floreados ou palavras trémulas. Esgotada pela tortura dos meus pensamentos e de longos parágrafos a implorar-te perdão, alimentada por um coração angustiado, infecionado por feridas lascadas, cujo sangue, não cessava de jorrar e tudo manchava à sua passagem, iniciei-me com a simples frase: “ Podes devolver-me a minha carta ?”

 

O resto da mensagem que não ousaste ler, seguia do seguinte modo:

 

" Podes devolver-me a minha carta? "

 

Vou ser curta e isto vai soar-te estranho. Ando há dois anos para te fazer este pedido. Nunca tive coragem mas como estou a 440 Kms... Tu não me conheces E eu não te conheço a ti, (aparentemente) Escrevi-te uma carta há coisa de 8 anos atrás. Sai de Leça há 6 anos. Sai abruptamente e não trouxe nada comigo. Quando fiz as pazes com o meu pai passados 4 anos tinha perdido a maior parte de todos os meus poemas/ escritos etc. Recuperei uma parte da carta mas faltam-me cerca de 25 páginas.

 

Assumo - a partida - que a tenhas queimado ou rasgado. Não guardo muitas esperanças que a tenhas contigo sinceramente Também nunca guardei esperanças que a tivesses lido. Sempre achei que a tivesses atirado para o lixo Todavia, há um ano atrás quando te falei nos meus escritos e no facto de achar inadmissível que os tivesses mostrado a outrem, ameaçaste-me dizendo " não faças filmes, não mostrei nada mas se quiseres mostro " .Embora tenha achado infantil, percebi a tua revolta para comigo. Não sabia que te tinhas casado, por isso lamento as mensagens que te enviei a noite e os telefonemas ( julgava-te sozinho )

 

Escuta, Tiago, eu estou a envelhecer. Tenho 34 anos de idade. Aquela carta é um Diário que perdi e que me pertence; retrata a minha vida dos 11 aos 19 anos de idade, praticamente...

 

São as únicas memórias que possuo da minha adolescência... Não te vou falar do resto que ela significa para mim porque SOMOS ESTRANHOS UM AO OUTRO e não nos conhecemos...

 

Eu cometi um erro crasso ao achar que te conhecia. Fui estúpida. Acontece!

 

O que te queria pedir (não sustentando qualquer réstia de esperança que a tenhas contigo) era que ma devolvesses por favor...

 

Tu não queres aquele meu testemunho de uma " louca apaixonada " para nada...

 

Aquela carta foi escrita maioritariamente entre Leça e o IPO do Porto onde a minha mãe se encontrava a morrer de cancro. Passei muitas tardes de Domingo, numa ala qualquer da enfermaria, sentada num canapé, ao lado da minha mãe entubada, a escrever-te aquilo e a rever erros de caligrafia, parágrafos e emoções.

 

Após a sua morte e a da minha madrasta, aquela carta foi a única coisa que me manteve lúcida e sã, visto que não consegui pregar o olho durante uma semana, após os dois funerais e escrever-te ajudou-me a enfrentar o medo de " fechar os olhos ". Por norma, colapsava de cansaço diante do teclado o que já era perfeito, naquela altura do campeonato, em que os olhos teimavam em não cerrar...


Sendo assim, tem um valor sentimental para mim!

 

Sem qualquer réstia de esperança, peço-te que se puderes ir a casa da tua mãe e não tiveres rasgado/ queimado ou pura e simplesmente atirado a carta para o lixo ma devolvas. O meu pai ainda reside em Leça...

 

Não te preocupes, eu estou a 440 Kms daí e já não coloco ai os pés desde o teu aniversário. A propósito, eu nunca iria confrontar-te no jogo. Nem em público. Nem em privado. Tu tens uma vida construída. Os meus sentimentos pertencem-me a mim. Embora me passe - esporadicamente - e exalte o que sinto publicamente, como dor & raiva etc. eu jamais teria coragem de chamar-te a parte para te dizer o que quer que fosse. Na realidade, acho que aparte aquilo que eu sempre te escrevi e continuo a redigir em textos privados, tu e eu nada temos para dizer um ao outro; especialmente tu a mim!


Alguém avisou-me e ameaçou-me caso eu tentasse ir ver outro jogo teu. Na altura, fiquei colérica, mas - acima de tudo - assustada! Como tal, e face as ameaças refreei os meus escritos no Facebook mas não me coibi de ( sei lá ),uma vez por mês, de colocar qualquer coisa anexado as fotografias. Sempre achei que as fosses denunciar o que para mim me parecia lógico mas não o fizeste - como tal - encolhi os ombros!

 

Quis ter algo teu que me pertencesse exclusivamente: as fotografias são a minha posse privada! Não foram roubadas. Extraídas de um Face ou de um Site. Fui eu que captei aqueles momentos. Esperei 20 anos para o fazer e assim que o fiz - apesar das ameaças - também não quis abdicar das fotografias!

 

Sem qualquer réstia de esperança, peço-te :" Tiago, por favor devolve-me a minha carta ! "

 

Sei que tinha uma carta de introdução e um testemunho incomensurável; creio que atingia quase as 70 páginas...

 

Eu sei o que vais pensar, que é uma manobra, que preciso da carta para qualquer coisa etc porque dado o que aconteceu no passado, não sou uma pessoa - na qual - se possa confiar, certo? Ou tão pouco de boa índole, certo? Agora que estás crescido, que és tio, cunhado, marido, pai, por favor se a tiveres num qualquer canto recôndito da casa da tua mãe, Tiago, por favor devolve-me o que eu te leguei inconscientemente numa atitude errónea de rapariga apaixonada...

 

Compreende isto, TU ÉS O ÚNICO QUE DETEM A MINHA HISTÓRIA DE VIDA E MEMÓRIAS (se não as colocaste ao lixo) ..

 

A morada do meu pai é:

Rua xxxxxxxxxxxxx yyyyyyyyyyyyyyyyy zzzzzzzzzzzzz

(tenho poucas certezas quanto ao código postal)

 

Não te volto a fazer o pedido e cabe-te a ti decidir.

 

Se te desfizeste dela, paciência...

 

Obrigado pela atenção!

 

Tiago, Tiago, Tiago… o quão te custava teres tateado as palavras que aquela mensagem comportava? O quão custava, teres aberto a página, hesitantemente, e teres-me lido? Diz-me, o quão te custava?

 

Dir-me-ás tu: “ Ler-te é como folhear um caminho solitário de uma alma errante, débil, fria, isolada do mundo, cárcere do seu próprio infortúnio e horrível. Não compreendes? Eu estou vivo! Amo viver e luto por uma vida com valor, onde a alegria possa acalentar os meus dias e a tranquilidade adormecer-me passivamente. Repelem-me esses teus olhos velados, obscurecidos e enevoados sempre pela sombra fatídica de um passado que apenas te pertence a ti, compreendes, Vanessa? Apenas te pertence a ti! Não me leves para essa colina de onde se avistam caminhos lúgubres e por onde te arrastas por entre pântanos negros de ódio e acertos de contas. Não me arrastes para esse caminho de urzes e essa paisagem selvagem e agreste por onde vagueias, entorpecida, molhando-te, incessantemente, ao sabor dessa chuva que tomba sem parar e esse vento noturno que não cessa de soprar. Eu não sinto a chuva a gelar-me o rosto ou o vento a fustigar-me os ossos. Tão pouco sei o que é sentir esse leve torpor de morte que tanto pareces evocar. Eu não sinto a tua dor, Vanessa, portanto, não pretendas aprisionar-me nesse teu mundo enxague, pois eu, não o irei permitir! Vamos! Insta-me a mergulhar no mais intimo dos teus segredos ou no amago da tua dor. Podes até tentar, dardejar o teu olhar incandescente na minha direção, mas será tudo em vão! Não vergar-me-ei perante a tua história! “  

 

Aí tens a tua resposta!

 

Tiago, eu apeguei-me a “ideia” de te amar desde miúda!

 

Foste um amigo imaginário, um confidente, o recetáculo de todos os meus segredos.

 

Eu apaixonei-me pela ideia de estar apaixonada por ti e, devido a tal, raiei histeria durante anos. Nunca supos que a minha incapacidade de me silenciar fosse a génese da minha derrota ante ti. Aperceber-te-ás tu que jamais me conseguirás dominar? Sou vulnerável e a vida escorre-me pelos dedos. Entende, por favor, que antes de partir, necessito que te consciencializes , que os meus lábios podem até contraírem-se e não expressarem mais nenhum resquício do passado, mas os meus dedos não irão compactuar com a minha boa representação de atriz que faço na vida real. Escreverei ferverosamente até que a alma se me canse!

 

Antes de partir, pretendo editar o que tenho escrito, aparte este Blogue!

 

É verdade, não lês, por múltiplas e variadíssimas razões, mas não posso deixar de evocar-te incessantemente no livro que estou a redigir.

 

Confesso. Roubei-te todas as tuas memórias humanas e fiz com que penetrasses num novo mundo onde terás de ver a vida com uns olhos mais débeis, confrontado com o sofrimento, em constante luta com as tuas escolhas… 


{#emotions_dlg.chat} Tenho a Introdução escrita, alguns Capítulos... Não tenho o Título...

{#emotions_dlg.sad} PS: Desististe da (semi) carreira futebolística ?

Vanessa Paquete
   All Rights Reserved ©

 

NOTHING ELSE MATTERS TIAGO

 

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Toda a minha escrevi-te e, neste preciso momento, não sei o que dizer-te! Este Blogue foi criado com o propósito de as minhas memórias & sentimentos ficarem registados.


Não me é fácil, sabes? Não me é fácil buscar um caminho próprio para mim, se quando te tinha na minha vida, tudo o resto parecia não ter qualquer controlo sobre o meu Universo; compreendes o que te quero dizer? Não havia tempestade ou intempérie que me assolasse, era como se, de alguma maneira, a ilusão do amor que eu sentia por ti me protegesse contra todas as maledicências da vida e suas agruras.


Hoje, passei o dia todo de cortinas cerradas, como o fazia usualmente, quando vivia em Leça. Defronte da minha janela um Sol invadia o céu no seu halo azul incomensurável, porém, para mim, as horas permaneceram mortas, imóveis e estáticas! Quando tal me acontece, habitando eu, agora no Sul do país, tento abstrair-me da nostalgia que me percorre a alma e do silêncio que me inunda os dias e silencia, cada vez mais, a minha voz, refugiando-me nas areias sadias destas praias de mar azul-turquesa ou transparência verde topázio, onde a quietude e uma beleza apaziguadora reina. Aqui, não existe o som agudo e selvagem das ondas bravias do mar a enrolarem-se nos rochedos de Leça. Aqui o mar não nos rosna. Aqui o mar não nos emite ruídos avassaladores, nem nos seduz com voz de sereia para depois nos golpear. Aqui o mar lembra o crepúsculo, romântico e sereno, como uma ária entoada ao piano.


Só Deus sabe, só Deus, há quanto tempo já não sinto eu arritmias cardíacas, já não se me acelera o pulso, já não me grita o coração palavras de amor vorazes e ensurdecedoras que eu, sua escrava obediente, me via obrigada a transmitir—-tas! Ai Tiago, se pelo menos soubesses, o quanto quis ganhar-te o respeito e a tua admiração. Sim, bem sei, línguas maldizentes apelam ao bom senso e dizem-me que deveria ignorar-te; porquê ser escrava do teu parecer? Porquê? Juro-te que não o consigo explicar! Apenas me recordo do meu rosto esbraseado de cada vez que te comtemplava, do sangue a golpear-me as têmporas, do oxigênio a ficar retido nos pulmões e dos meus olhos relampejados a perseguirem-te como os de uma águia faminta que busca o seu alimento. E depois, depois Tiago, recordo-me das tuas palavras inaudíveis a cortarem-me o peito como vergastadas de um chicote.


A minha língua sempre foi afiada, Tiago, tão afiada quanto o gládio de um soldado. Podes até apostrofar-me de vingativa, severa, endurecida e de possuir uma língua de cascavel, tão venenosa que quando o seu veneno te toca, se te entranha na alma e a torna empedernida, sem compaixão… As palavras são a minha arma, e sempre me muni delas, a bem ou a mal, para me lançar no abismo do campo de batalha de te amar e conquistar ou na arte inglória de me defender. Não possuo outros armamentos bélicos, à exceção de palavras. Agora, diz-me tu: “ Crês que as minhas palavras formam o meu carácter, moldam a minha personalidade e laminam a arquitetura do meu coração? Enganas-te! Erroneamente enganas-te! “ Poderás dizer-me de retorno: “ Moldam-te as tuas ações e essas, provaste-mo tu, foram revestidas de uma irracionalidade sem precedentes, impacientaram-me, enervaram-me e irritaram-me, Vanessa. Exprimiram uma mente silenciada em ponto de ebulição que não se soube controlar. Deste enfase a todas as fraquezas do teu carácter. Se era respeito que imploravas, o meu, dissipou-se no instante em que assumiste publicamente o papel de vítima enjeitada “

 

Como vês, Tiago, até as tuas palavras consigo percecionar. Bem vistas as coisas, desde o início, a minha tarefa contigo não era fácil. Vivíamos em mundos distintos, tão diferentes quando a Lua e o Sol, todavia, tu – para mim – constituías a estrela central do meu universo: todos os meus cometas dispersos, asteroides deambulantes, poeiras mais ínfimas e satélites mais aguçados giravam em torno de ti; tu eras tudo para mim!

 

 
Vanessa Paquete 2014 ©
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PS: Este tema da " Lissie " é sublime (na realidade é uma cover da fantástica banda Fleetwood Mac)
" Safe Heaven " é o meu livro e, consequentemente , o meu filme preferido de Nicholas Sparks
De alguma maneira, revejo-me, inconscientemente, nesta história.
Talvez, por um dia, ter fugido de Leça, tal como a Kate, sem um tostão no bolso e ter dedicido recomeçar a vida noutro lugar.
Talvez, porque, ainda hoje, sonhe fugir para um sítio bem longínquo, a fim de encontrar quem me salve e me dê " Um Refúgio Para a Vida "