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FIFTY SHADES OF VANESSA PAQUETE

FIFTY SHADES OF VANESSA PAQUETE

CRÓNICAS DE UM CORAÇÃO NÓMADA PARTE I

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Alguns dizem que a vida é para ser vivida e não suportada.

Eu escolhi a filosofia Carpe Dien há cerca de um/dois anos na minha vida. Tinha vivido tantas dores, desamores e desilusões que “chutei o pau da barraca” como dizem os brasileiros. Já não aguentava criar mais expectativas e sair defraudada. Já não aguentava mais depor toda a minha energia num amor que acabaria por magoar-me, ou num emprego que não me satisfazia e lançava o vazio dentro de mim.


Decidi que queria PAZ.


PAZ aos 35 anos de idade parece algo precoce.


Mas começara a viver jovem demais e passara por fases na minha vida muito intensas que poderiam substituir trinta anos na vida de qualquer mortal…


Primeira pergunta; poderia reformar-me aos 35 anos do amor e da vida em si? Sim, podia!


Tivera mais do que esperara que a vida me pudesse dar e a Deus agradeço por isso.


Na adolescência, acreditara que – um dia – não teria quaisquer experiências para contar a quem quer que fosse.


Tenho um baú cheio de recordações.


Creio que demorei muitos anos a perceber que não era uma pessoa estática, que a imobilidade me punha os nervos em franja, que precisava de viver experiências , de ter estórias para contar e não apenas fragmentos de livros para ler. Era sonhadora, romântica e, todavia, devido ao facto de me considerar não apreciável ao olhar masculino acabaria encerrada num convento, sem experimentar um beijo sequer.


Agarrei-me a um amor platónico por crer que era aquele que dar-me-ia menor esforço, contudo, esse mesmo amor platónico causou-me as maiores dores que eu pudesse imaginar, cada vez mais me vi sozinha e infeliz a desejar por uma morte há muito ansiada: em plena adolescência !


Mas Deus, esse Deus incógnito, do qual nada sabemos e tudo desconhecemos , ofereceu-me um verdadeiro banquete de experiências :

Noivei.

Tive famílias.

Umas cinco sogras.

22 namorados (é um orgulho e não uma vergonha). Trabalhei em empresas conceituadíssimas com pessoas fantásticas.

Viajei. Amei. Fui amada. Abandonei. Fui abandonada.

Tive as melhores amigas do mundo. Diferendos separaram-nos. A vida distanciou os nossos caminhos.

Vivi sozinha cinco anos. Experimentei dez freguesias diferentes e dez quartos alugados. Conheci pessoas maravilhosas, com as quais, compartilhei a minha vida.

Fui pedida em casamento. Rejeitei. Não quis ter filhos, mas, vivi momentos absolutamente românticos. Tive os beijos mais doces. Os mais fogosos também. Experimentei tantas texturas de pele que é impossível descrevê-las a todas mas recordo-me de cada voz, de cada toque, dos lábios de cada namorado, das noites passadas a conversar pela madrugada adentro no carro a porta de casa ou diante de uma praia qualquer.

Fui promovida nos emprego. Elogiada. Gabada. Tornei-me modelo. Exibi a minha fotogenia diante das lentes dos fotógrafos. Depois tornei-me fotografa.

Aprendi cinco línguas distintas. Estudei. Acho que conheço todas as reacoes do ser humano de cor e salteado. As “taras e manias” de cada signo. Criou-se uma organização de fotografia. Conheceu-se mais umas centenas de pessoas.

 

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Quando era catraia a minha madrasta dizia que eu era um “bicho do mato”. Talvez fosse. E depois decidi que queria saborear a vida na ponta dos dedos e sorver todo o mel e fel que ela tinha para me oferecer… e aqui estou eu!


Grata por tudo que Deus me deu!


Uma nortenha cidadã lisboeta ou margem sulense ou alentejana. Nem sei bem. Sei que estou algures para o sul onde muitas das minhas aventuras se cessaram porque escolhi ter paz.


Uma das coisas mais excitantes que me aconteceu aqui foi ir atrás do Diogo Morgado, e, ainda assim, ficou muito aquém das minhas expectativas. Eu habituada a fogo e ele…. Não consigo descreve-lo muito bem… Se calhar os homens do norte é que são fogo e fazem as minhas delicias; são pequenos meteoritos em explosão. Num olhar apenas vê-se a marotice deles. Muito latina. Muy caliente…


Os eventos de fotografia são uma aventura deliciosa. Recordações que jamais esquecerei e que pretendo continuar a perpetuar, porém, almejo muito a paz a nível psíquico, emocional e sentimental…


A decisão de não ter filhos é irrefutável e foi muito pensada.

 

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Sei quais são os meus amore de predileção e a liberdade e a música fazem parte desse círculo. Filhos, não !


Tenho 38 anos mas sinto-me como se tivesse 25 , com toda uma vida já vivida. Quantas pessoas poderão dizer que viveram tanto?


Como disse Lara Fabian um dia numa entrevista “ Quando era adolescente acreditava que um amor de perdição seria a escolha perfeita na minha vida, hoje, não imagino a minha vida sem os dez homens que amei e desaconselho por completo a que uma mulher ame apenas um homem ou que não seja livre, pelo menos, uma vez na vida “


Faço de Lara Fabian, as minhas palavras! Vivam. Vivam muito. E depois usufruam do descanso do guerreiro.

 

 

Texto & Crítica: Vanessa Paquete 2017  ©

Fotos: Filipe Perinas ©
Flyers: Vanessa Paquete

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