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FIFTY SHADES OF VANESSA PAQUETE

FIFTY SHADES OF VANESSA PAQUETE

PURGATORY IS HERE

 

 

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This was the time of day when I wished I were able to sleep due to the embarrassment of facing him: High School! Or was purgatory the right word? If there was any way to make some amends for my sins and hidden desires, seeing and loving him, ought to count toward the tally in some measure. The tedium was unbearable. Every day in that place, seeing him dating with other girls, seemed more impossibly monotonous than the last.

 

All the thoughts on that high school were consumed with trivial dramas of youth, but my head was consumed with my own addiction – a face repeated in thought after thought, in every corner of my mind, from every angle. The excitement over his arrival at school was tiresomely predictable to me, although I tried so hard to prevent it.

 

It was clearly to see as crystal water that I was completely unaware to Tiago, although, he was not oblivious to me. Neither the other girls were oblivious to him. In fact, he had a slight infatuation for almost half of the female students (the prettiest ones of course), as well as his sibling: Ivo Madalena! Well, the sentiment was mutual. Ivo and Tiago were like a new shiny object and sparkling reflected light of desire to every popular and unpopular girl in that school, as well as they were to all the newcomers. It was established knowledge: Madalena clan was like a breathless summer day, they simply were capable of holding our breath in suspense for minutes.

 

I tried to block this inane chatter out of my head, before the petty and the trivial thoughts concerning these two siblings could drive me made. Shame on me. I had fallen for one of them: Tiago Madalena!

 

I was severally disappointed with myself.

 

Tiago was sitting right where he had been before a million of times. Again, my gaze locked on those wide brown eyes. He met my stare for a minute, and then looked down.

 

Coward!!!

 

Someone kicked my chair:

 

- Are you trying to mesmerizing him? – I almost smile to such inquisitive question.

- Sorry! – I muttered.

- But I just can`t take my eyes of him. It is nearly impossible to escape him or left him out of my constant ridiculous daydreams. I feel so ashamed! – I murmured unwrapped in my own mist of chagrin.

 

I made it through the next hour in this surprising way: imagining the best ways to kill Tiago inside my heart and soul and avoid him! I tried to avoid imagining the actual act of make him disappear out of my sight in a dark, aggravate and obscure way: killing myself and thrown myself into the ashes. I wanted to scream out loud “Hey, I might lose this battle against him and end up destroying everyone around us. It is not an evasive theory as everyone surrounding me seems to believe; it is actually reality. “but no one was capable of absorbing the signs.

 

I hide in the cafeteria of the school. I didn`t like to think of myself having to hide of someone, specially a guy. How cowardly that sounded for a girl like me. But it was unquestionably that this case now had surpassed all the boundaries and frontiers of my unconscious mind. I didn`t have enough discipline left to be around him anymore. Focusing so much of my efforts on trying to capture is attention left me with no resources to resist his charm.

 

I was terribly angry with myself. Aware that I could lose everything due to that irresistible human being. Why did he have to come to this school? At first, it seemed a dream come true. Now it had become a nightmare. Why such fascination? My significance to him was absolutely none; I was not even a hypothetical prey. Why did he have to ruin the little peace of mind that I had in this non-life of mine? Why had this guy ever been born? He would ruin me, as far as I know. Why did I have to lose everything just because destiny chooses to put him in front of me? I didn`t wanted to be pointed as a bittersweet girl, being humiliated, criticized. I didn`t wanted to be odd.

 

If only I could avoid Tiago Madalena. If I could manage not to love him – even as I thought the hunter in me writhed and gnashed his teeth in frustration – then no one would have to know. If only I could keep away from his scent and use my deceptively communicative eyes as a shield...

 

Texto Original  Vanessa Paquete 1998 ©
All Rights Reserved

Versão Inglesa Vanessa Paquete 2014 ©
All Rights Reserved

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WHEN I SAW YOU

 

Após te ter conhecido, busquei-te incessantemente, até que te encontrei! Desde o dia em que te vira pela 1ª vez, puder contemplar-te era a minha felicidade. Este texto retrata exatamente aquilo que eu vivi quando era criança e sonhei, um dia, sabe-se lá como, juntar a minha vida a tua. Sonhos de criança que duraram uma eternidade mas é tão bom ser-se criança não achas? Sonhar e sonhar sem qualquer malícia ou malvadez e acreditar num futuro radiante onde apenas a paz e a felicidade irão prevalecer. Infelizmente, não foi assim Tiago ! Não para mim. A tua vida corre-te prazenteiramente. A minha parece extraída de um filme do David Lynch e – sinceramente – não sei se irei sobreviver a tal, como tal, criei dois Blogues ( mulher prevenida vale por duas ), onde irei relatar-te nos próximos meses muito do que senti e aconteceu-me. Tive de utilizar uma estratégia metódica para alguém chegar aqui, como por exemplo, utilizar o teu nome como palavra-chave no início de cada texto e no título do mesmo. De que outra forma alguém daria com este Blogue? Ironicamente, ao fazê-lo, juntei-te a ti e a mim na busca do Google e ambos aparecemos indissociáveis um do outro. Sabes uma coisa Tiago ? Acho que já sei o que vi quando olhei para ti pela 1ª vez. Claramente, vi toda a minha vida ligada a ti, mas não foi só isso, vi , em ti, o início e o fim de algo : o início e o fim da minha própria vida ! A minha existência será curtissima disso tenho ceteza. Se, porventura, a minha vida der uma reviravolta, juro-te que só poderá ser por um milagre e eu já não acredito em milagres, portanto, sejamos racionais. Se a minha vida acabar onde eu acho que ela irá acabar, este será o meu legado. É esta a minha decisão. É esta a minha escolha. Sabes que - por vezes - venho aqui e deixo simplesmente a PLAYLIST a rodar?  Modéstia aparte é excelente e reproduz algumas das minhas músicas PREFERIDAS, ou não tivesse sido eu a DJ de serviço...

 

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Vi a reportagem da TUA EMPRESA no JN e pensei cá para comigo : " Mas que karma, bolas ! " Tudo bem que, a custa de uma música dos Def Leppard, quando era jovem, imaginava nas minhas histórias e ficções novelísticas reencontrar-te ao abrir uma secção de um jornal qualquer ( vá lá Deus saber porquê ) Serei vidente e não o sei ou, por outro lado, tinha uma fé cega e inabalável em ti que dar-te-ias muito bem na vida ? Acho que é a segunda; sempre acreditei muito em ti Tiago, de verdade... Tenho uma história de intuição absurda ou futurologia - como bem o entenderes - muito engraçada para te contar acerca das amizades que detêns hoje em dia e que acabaram por tornar-se como irmãos para ti e reencaminharam toda a tua vida. É tão engraçada , tão pouco conseguirás supor. Muito antes de o Joel e o Gilberto entrarem na tua vida ( e quem tivesse associado a eles, nessa altura, na turma ), eu já havia intuido algo. Foi um episódio muito estranho da minha vida. Muito engraçado. Adoraria que o Joel soubesse dele. Não só de drama se rege esta história. Também possui umas belas histórias de humor a mistura, como quando conheci o Pedro ( ai Cristo essa é outra coincidência tão fatídica do destino mas tão irónica e engraçada ), ou quando o Ricardo se atirava para cima de mim no HI5 ( vocês eram uns autênticos caçadores de miúdas  ), ou quando o Barreira me convidou para um café e queria ir implementar as normas de Higiene e Segurança no Trabalho na minha empresa e o que dizer do Arnaldo ? Ai meu Deus, o Arnaldo ! E quando passava horas a fio, de madrugada, a falar com o pai do Nuno, sem saber quem ele era? Cristo, homem, tu cruzavas a minha vida em todas as esquinas, estivesse eu onde quer que eu estivesse. Não havia como fugir de ti. Até a zona geográfica do Porto era pequena demais. Mas isso são histórias para outras " romarias " onde o humor prevalece. Talvez a mais fatídica de todas foi quando tentaste engatar a minha irmã Beatriz no ano de 2010, inícios de 2011. Quantas conversas ciciadas esconde aquele quarto que eu e ela partilhávamos e aqueles dois beliches... Na realidade, eu e a Bia zangamo-nos, ainda que amíude, a tua custa. Evidentemente, eu morri de ciúmes. Mas ela acabou por passar a batata quente para as minhas mãos numa tentativa  de fazer as pazes comigo. Eu e a Bia adoravamo-nos. Eu tinha a plena consciência que ela fazia o teu gênero e ela é tão/ mas tão mais bonita do que eu e mais felizarda também: doutorada, mais estável, muito mais confiante... Adiante, histórias de outras " romarias "... Quanto vi a tua fotografia pensei : " Só pode ser karma ! Agora que já não tenho a possibilidade de vê-lo na secção futebolística, aparece-me na área empresarial... Good Lord, mas que mal fiz eu a Deus? " Va benne !!! Sabem o que dizem de quem usou óculos na 1ª classe , não sabes ? Por norma, os defeitos óticos acabam por voltar a surgir numa idade mais avançada. Ficas tão engraçado, mais gordifas, de óculos e com barba ( algo parecido com o meu pai o que confirma , mais uma vez, também a teoria de que as gaiatas se apaixonam por homens semelhantes aos seus progenitores  mas va benne )

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Ainda me hás-de explicar, um dia, porque razão, usando tu sempre barba - aparentemente - no dia em que ia fotografar-te pela 2ª vez a aparaste e cortaste o cabelo como se fosses a madrinha. What ? As miúdas morrem de curiosidade e eu nunca consegui explicar. Também nunca consegui perceber, para te ser francamente honesta. Fiquei a remoer naquilo e sem compreender RIEN DE RIEN...Bem, Tiaguito, vamos lá ao texto que já se faz tarde e a noite vai longa.

 

22 Junho de 1991

 

Deslizo suavemente para fora da cama e visto-me langorosamente. Não tenho por hábito escolher a indumentária nem tão pouco preocupar-me com tal, mas hoje é um dia especial… Vivo convencida de que me aconteceu algo extraordinário, como se, subitamente, a luz tivesse irrompido em mim e trazido ao de cima milhares de emoções subtérreas. Sou tão nova Meu Deus! Mas no meu fanatismo de adolescente obsessiva e sedenta de preencher um vazio impreenchível, convenço-me seriamente que acabei de encontrar o elixir para o buraco que existe em mim, a panaceia para todo os meus males, a cura através do amor!

 

Contemplo-me ao espelho e analiso-me minuciosamente como se aquela fosse a primeira vez que me olho efetivamente olhos-nos-olhos. Desconheço o meu rosto. Desconheço os seus traços. Ignoro o significado da beatitude ou o que será necessário fazer-se para se chegar lá. Tenho apenas onze anos de idade. Não possuo uma coluna vertebral de dogmas ou valores e certezas irrefutáveis, nas quais, me apoiar…Sou uma criança. Que poder-se-ia esperar de mim senão a confusão do onírico? Vivo mergulhada em sonhos de papelão, tudo me parece imensamente belo neste preciso momento. Tudo me parece imensamente belo desde que o vi!

 

A minha expressão no espelho revela candura e meninice. Aperto o cabelo num carrapito desalinhado e deixo alguns caracóis à solta. Convenço-me que tal ar desalinhado me confere algum selvagismo e me dá um toque original. Envergo a cor roxa porque o roxo contrasta com a lividez da minha pele e o roxo sempre foi uma das minhas matizes preferidas. Os jeans adelgaçam a minha silhueta roliça e disfarçam qualquer uma das imperfeições que lhe possam saltar à vista. Massajo as maçãs do meu rosto em movimentos céleres e circulares, da direita para a esquerda, ora da esquerda para a direita. Faço-o, não por hábito, mas sim porque uma amiga me confidenciou que tais movimentos circulares aceleravam a circulação sanguínea do rosto dando-lhe vida e rubor.

 

Contemplo-me ao espelho uma última vez. Escondo os óculos numa parte recôndita da mochila. Tenho o rosto ruborizado como se o tivesse enchido de blush. Os olhos de um azul incandescente piscam intermitentemente acusando a miopia. Viro-me e reviro-me. Tornei-me numa catraia vaidosa à custa disto mas que importa a vaidade quando o meu reflexo no espelho reflete um pedaço de mim tão doce de ser saboreado…

 

Não consigo dissimular perante ninguém a minha energia; ando eufórica, hiperativa, vivificada, sei lá…Ando à mil à hora num rodopio sem igual…Parece que acabei de desenferrujar a minha alma e sacudir o meu corpo. A beleza desta sensação que me invade o ser, a mim basta-me! Atiro as almofadas para o lado, abro os estores de metal para que o Sol entre e inunde este apartamento voltado para o mar. Respiro o cheiro da maresia. Contemplo a imponência deste maravilhoso dia de Verão. A vida fluí…fluí e fluí…

 

Saio para a escola com um passo incisivo e convicto e vou trauteando pelo meio do caminho uma algaraviada qualquer estrangeira. A falta da letra da canção remato os meus hiatos musicais com um assobio hesitante mas convincente. Sorrio a toda a gente que passa. Sorrio a este, aquele e aqueloutro. Sorrio de contentamento e satisfação. Sorrio porque ando numa roda viva de sentimentos e hoje o meu caminho cruzar-se-á com o dele e eu poderei sorrir-lhe também.

 

Atravesso os pátios da escola e os corredores dos blocos ao sabor dos ventos da minha inquietação. Falam-me ao ouvido baixinho. Elevam-se risinhos abafados. Enumeram-se programas de Verão. Mas eu economizo palavras e abstenho-me de quaisquer comentários, tenho os meus olhos postos numa das alas laterais do Bloco leste e eis que ele surge, assim, vindo do nada no seu passo hesitante de passeio de criança, com uma bola de futebol nos pés, pontapeando-a sincronizadamente, fazendo-a girar ao seu ritmo, ao compasso de uma dança em golpes subtis e cambaleantes como quem conduz uma espécie de samba.

 

Calor e mais calor! Tudo lateja em mim. O coração irrompe numa arritmia descompassada e as pernas parecem cambalear. O meu olhar perde-se naquele instante. Tudo nele é a vida; a maneira como sorri, a maneira como se envolve no seu jogo de bola e a remata para uma baliza fictícia, as nuances do seu olhar…

 

Contemplo-o incessantemente na esperança que ele se volte e o seu olhar cruze o meu mas da sua voz emerge um grito de alerta, um assobio agudo que reúne a seita e os faz afastarem-se no espaço em direção ao campo de futebol. Por entre a multidão que se atropela e os miúdos que recolhem ao toque, ainda o consigo vislumbrar; liberta a sua camisa azul dos jeans que a prendem e arregaça as mangas, puxa o cabelo para trás e delimita as fronteiras do campo. Define as equipas e apercebe-se através das variações de voz que o caos se instalou. Repõe a ordem e, num gesto imprevisível e precipitado de uma milionésima de segundos, o seu corpo arqueia e volta-se para trás. Os seus olhos verdes poisam-se sobre mim! E aí se define o princípio de tudo. Existem ruídos no ar, a música do momento, a luz do dia, o deglutir das sensações e o silêncio, sobretudo, o nosso silêncio!

 

Convenço-me de que ficaremos amigos e hei-de certificar-me que isso aconteça. Por ora, olho-o longamente nos olhos e não lhe desvio o olhar. A timidez surripia-me o sorriso e eu fico à toa que nem um trapezista sem rede…Ele sorri ligeiramente e, voltando-se apressadamente, concentra na bola que ainda conserva a seus pés, toda a sua atenção.

 

Solto o meu cabelo e deixo os caracóis penderem-me para o rosto porque amo a sensação do cabelo a acariciar-me o rosto e apenas os emaranhei num carrapito com o único intuito de o agradar.

 

Vou começar por me aproximar dele como quem não quer nada querendo tudo, no entanto! Assim sou eu e assim seremos nós!

 

Vanessa Paquete 1991©

All Rights Reserved

 

 

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 Há quanto tempo és dono do meu ritmo cardíaco?

in "Prometo Falhar", de Pedro Chagas Freitas.

 

 

 

 

 

CONTIGO Y SIN TI

 

 

 

 Ando muito preguiçosa para colocar aqui textos novos. Levam-me horas a serem redigidos, portanto, fui resgatar um dos meus textos preferidos de sempre. Escrevi-o em 1998 daí me ser tão importante. Foi um dos meus primeiros grandes textos dedicados a ti. O texto é sucinto ( algo tão atípico em mim ) mas é belíssimo, segundo a minha perspectiva por isso o coloco aqui! 

 

FLASHBACK 1998

 

Vagueio ao acaso na hora incerta.

 

Não sei se existo para além de ti…

 

Escuto murmúrios que gritam palavras avidas de vingança. Estou só, e sei que a noite é longa, a morte está à espreita e, desta vez, não tenho intenções de a renegar. Deslizo uma mão pelo meu corpo e sei que és tu que me tocas porque reconheço o teu toque efémero e repentino. Levas-me nos teus braços para o teu mundo, fazes-me esquecer quem eu sou, apagas o meu nome e sussurras-me ao ouvido que sou tua e que a teu lado não possuo identidade; sou apenas uma sombra descolada do teu corpo. Esboço um sorriso, pois sinto-me bem, e s teus lábios no meu corpo dão-me uma sensação de volúpia, de êxtase…

 

Cerro os olhos e imploro que não me deixes regressar.

 

Quero-te para sempre a meu lado. 

 

Não, Tiago!

 

Juro-te que não irei permitir que após tantos anos de espera me destines apenas alguns segundos do teu afeto.

 

Fica comigo.

 

Ama-me!

 

Coloca a tua mão sobre o meu peito e sente o palpitar do meu coração.

 

Consegues escutá-lo? Sente-lo? É por ti que ele bate!

 

Sei que não compreendes os poemas que declamo. Sei que não me olhas como te chamo. Consegues sentir o meu desespero? Diz-me! Consegues contabilizar os inúmeros “ I Love You`s “ proferidos ao longo dos anos? Pequenos fragmentos de mim perdidos em paredes encarceradas, pequenos fragmentos de ti atirados contra o vento, algumas frases sucintas e banais rabiscadas em cadernos de rascunhos, longas epopeias adornadas com palavras caras e eloquentes que ficariam para a posterioridade como um registo do nosso imenso amor. Mas nunca existiu um “ nós “ pois não, Tiago? Apenas um “ eu “ insignificante em busca da sua quimera, uma alma nua sedenta do teu abrigo, um corpo opaco e inóspito sedento do teu abraço, entregue ao seu flagelo.

 

Amanhã completo dezanove anos. Um salto a mais no abismo que cumprir-se-á assim que o relógio tocar as doze badaladas e o sangue começar, finalmente, a rasgar-me as veias e a correr incessantemente, sem parar, sem que eu o consiga estancar. A tua imagem tinge-me a alma de negro, turva-me a vista; sinto-me a cegar ante a minha queda! Tremo de frio ou de medo? Juro-te que não sei…

 

VANESSA PAQUETE 1998

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Eu, na minha época gloriosa... Naqueles breves instantes em que fui algo parecida contigo.
Tu eras a atenção das mulheres. Eu era a atenção dos homens. Elas perseguiam-te. Eles perseguiam-me a mim.
Ambos tivemos " flirts ", conquistas e adorávamos ser bajulados e que focassem vezes sem conta a beleza do nosso rosto e a fisionomia do nosso corpo. Devemo-nos ter envolvido com muita gente, ainda que inconscientemente, e muitas das vezes, sem querer... Eu, uma Messalina. Tu, um Casanova. Deveríamos ter feito uma parelha fantástica, caso nos tivessemos cruzado para saciar a nossa sede de adoração e vassalagem estética. Afinal, não somos assim tão diferentes Tiago.  

 

BEGGING YOU PLEASE

 

 

Nem imaginas como ando: numa preguiça existencial sem igual! Deixei de escrever. Deixei de fazer Jogging. Deixei de cantar (não que eu cante nada de jeito, subentenda-se). Deixei, simplesmente… “Deixar” é o verbo que se adequa a mim, presentemente! Tranquei o meu Facebook ao mundo…

 

 

Acho que essa minha atitude se coaduna com a minha desistência existência. Sempre soube que a partir do momento que trancasse o meu Facebook ao mundo, tal significava que, não só toda a minha ínfima esperança de te chamar a atenção se dissipara, como significava, igualmente, que eu acabara de desistir de mim! É que tu eras o único incentivo para ser “ melhor “ em todos os aspetos. Ora bolas, que queres que te faça? Não posso contrariar esta minha tendência de há 23 anos, não? Já está muito enraizada em mim!

 

 

Sou escorpião mas um escorpião algo atípica; sem vaidade, sem ambição, sem perspetivas futuras, sem vontade ou desejo. O Gustavo e eu não existimos. A quantidade de vezes que ele já me disse que a porta da rua estava aberta foi as centenas, mas, eu compreendo-o bem. Uma amizade sob o mesmo teto não é um relacionamento. E os homens têm as suas necessidades. Eu não preciso, sabes? Estou apática perante a vida e o mundo e a morrer de medo de regressar a vida dos quartos alugados e eu fui tão corajosa nessa minha existência nómada, mas agora tenho medo e, todavia, escrevo-te um Blogue porque desejo despedir-me mas o raio do instinto de sobrevivência faz-me ter a atitude típica de uma mortal. E eu nem deveria ter medo porque eu desejo deixar-me morrer. Viver em paz os últimos meses e VOILÁ depois desaparecer.

 

Ando a preparar tudo, desde Blogues, a Sites, contas do YOUTUBE e – principalmente – a encriptar palavras passes. Creio que terei de deixar expresso ao Gustavo (sei lá, deve ser a única pessoa, não?) que pretendo que a minha memória subsista para lá do meu desaparecimento e, portanto, não quero Facebooks abaixo nem contas do YOUTUBE. Descansa, este ano não terás surpresas perto do teu aniversário… Sabes? Ultrapassei os 80 Kilos. Creio que alguma das tuas amigas me deve ter feito um serviço encomendado de magia negra após a publicação das revistas. Para te ser honesta, não acredito em nada disso, mas, o cabelo começou a cair-me, mudei drasticamente a minha fisionomia e engordei abruptamente. Pergunta ai a Mafaldinha a que macumbeiras foram elas. O pior, é que já nem possuo forças para retaliar. Honestamente, DESISTI TIAGO! Acima de tudo, desisti de mim! Estou a borrifar-me para o que acontece comigo… Não pudemos voltar a ser catraios novamente?

 

 

Por favor…Por favor…Por favor…Por favor Tiago! Por favor, vamos voltar lá atrás e reescrever a história toda. Vamos reescrever uma nova página da história, a começar na nossa infância, por favor, por favor, por favor…